As opções de telescópios disponíveis no mercado são imensas e podem tornar uma escolha de compra um pouco complicada. Vários modelos têm preços acessíveis, mas a escolha depende da experiência do observador. Telescópios amadores têm muitas diferenças em relação aos profissionais.
Astrônomo amador ou profissional?
Para diferenciar esses tipos de telescópios, é preciso compreender o que são astrônomos amadores e profissionais. Basicamente, podemos considerar que profissionais ganham dinheiro para trabalhar com astronomia, enquanto amadores não — eles são astrônomos por paixão.
Qualquer indivíduo pode se dedicar à observação dos astros e contribuir com os profissionais. Várias agências espaciais e institutos de pesquisa criam programas de ciência cidadã para os que desejam participar das pesquisas. Os participantes são chamados de cientistas cidadãos.
Esses programas podem abranger estudos do Sol, Lua, estrelas variáveis, planetas, asteroides, e muitos outros. Para cada um desses objetivos, o cientista cidadão precisará de diferentes acessórios, ou mesmo modelos diferentes de telescópio. Nenhum deles atenderá a todas as necessidades.
Os amadores também podem ser classificados em vários níveis, de acordo com o conhecimento e experiência. Para fins práticos, vamos classificá-los como iniciantes e avançados. Estes últimos podem tirar proveito até mesmo dos telescópios mais profissionais do mercado.
Já os astrônomos profissionais dedicam suas carreiras à pesquisa acadêmica, geralmente usando dados de telescópios como o Hubble, James Webb, entre outros. Claro, nada os impede de possuir telescópios domésticos para as horas vagas, mas em muitos casos isso não acontece.
Por fim, incluímos também os astrofotógrafos nessas três categorias. Os profissionais têm uma carreira de fato nessa área e ganham dinheiro com suas fotos. Para eles, quanto mais sofisticado for o telescópio, melhor; mas, claro, também precisam começar com um equipamento para iniciantes.
Telescópios astronômicos para iniciantes
Normalmente, um iniciante quer ver um pouco de tudo o que for possível, mas esse não é o melhor caminho. É sempre bom começar com pequenos passos, aprendendo primeiro a escolher um telescópio ideal para seus objetivos.
Instrumentos para iniciantes são bem mais acessíveis e muitos deles são fáceis de manusear e transportar. Os elementos fundamentais que determinam preço, tamanho, praticidade e alcance de visão são as lentes/espelhos utilizados, distância focal (fator que determina quantas vezes uma imagem pode ser ampliada) e material de construção do tubo óptico (o corpo do telescópio).
Os menores e mais simples para iniciantes são os refratores (também conhecidos como lunetas), que podem ser bastante leves e chegar a pesos como 1.5 kg — ainda leve o suficiente para transportar a locais mais afastados da cidade.
Apesar da simplicidade, eles podem ser bem úteis. Aqueles com abertura (a parte da frente do telescópio, responsável por coletar a luz; quanto maior a abertura, melhor a imagem) de 70mm podem ter ampliação de 140 vezes sem perder muita qualidade.
Também há modelos para iniciantes um pouco mais difíceis de transportar, como os newtonianos de abertura mediana. Eles são refletores, ou seja, usam espelhos no lugar dos refratores, que usam apenas um par de lentes.
Newtonianos possuem tubo óptico largo e comprido e podem ser pesados. Os mais robustos são muito estáveis, mas exigem uma base igualmente estável e uma curva de aprendizado maior em relação aos refratores. Apesar disso, existem ótimas opções para iniciantes.
Existem também os Dobsonianos, os quais são essencialmente newtonianos em bases bem mais simplificadas que os tradicionais tripés. Eles são muito populares entre os astrônomos amadores e até mesmo os mais avançados, por serem fáceis de construir. Muitos fabricantes artesanais constroem esse tipo de telescópio por preços bem competitivos.
Iniciantes também podem optar por um Maksutov Cassegrain, atrativos por contar com tubo óptico bem menor em relação aos anteriores, com distâncias focais maiores. Eles começam com aberturas de 60mm e podem ir até mais de 250 mm — mas os iniciantes podem aproveitar muito melhor na faixa entre 70 e 120mm.
Telescópios astronômicos intermediários
No próximo nível, encontram-se telescópios com tecnologias que produzem imagens de qualidade superior, muitos deles adotados por astrofotógrafos. Boa parte são Newtonianos, Dobsonianos e Maksutov Cassegrain com aberturas maiores.
Também estão inclusos nessa categoria lentes e acessórios mais avançados, como câmeras WiFi que podem ser rosqueadas no lugar da lente ocular e montagens conectadas a um computador — muito útil para focar objetos cósmicos por meio de softwares.
Entre outros modelos estão o Schmidt-Cassegrain, criado para facilitar a produção em escala industrial. Eles produzem imagens excelentes para astrofotógrafos mas são bastante frágeis, exigindo cuidado extra para transporte.
Telescópios astronômicos profissionais
Aqui é onde a “brincadeira” fica bem mais séria, já que falamos de telescópios que podem custar mais de R$ 100 mil. Modelos profissionais podem ser alguns dos já mencionados com qualidade ainda superior e montagens robóticas avançadas, mas também existem opções “diferentonas”.
Primeiro, vamos considerar que os telescópios profissionais não são necessariamente destinados a astrônomos profissionais, já que o público interessado são os astrônomos amadores bastante avançados e os astrofotógrafos que obtêm boa renda com suas fotografias.
Eles contam com os recursos mais modernos disponíveis no mercado, como câmeras wi-fi de alta performance e montagem mecânica para monitoramento automatizado dos objetos-alvo no céu. Claro, isso tudo tem um preço: os valores de um Schmidt-Cassegrain profissional podem chegar na faixa de R$ 30 mil.
Entre os acessórios mais vantajosos dessa categoria estão os localizadores automáticos. Com eles, o telescópio tem acesso a um programa de planetário armazenado no computador de bordo, incluso no equipamento, colocando ao astrônomo milhares de objetos à disposição para focalizar com um clique.
Finalmente, um dos mais cobiçados por astrofotógrafos são os telescópios Ritchey-Chretien, que começam com preços relativamente acessíveis (graças aos fabricantes chineses, que, aliás, fazem um ótimo trabalho na produção desses equipamentos) e chegam à casa de R$ 1 milhão.
Eles usam uma configuração Cassegrain mas com dois espelhos parabólicos especialmente projetados para imagens cheias de estrelas bem pequenas. Isso torna as imagens mais ricas, com um contraste incrível e possibilita fotos de céu profundo de cair o queixo.
Antes, telescópios Ritchey-Chretien eram usados apenas por institutos de pesquisa, mas agora estão acessíveis para os astrônomos amadores avançados. Eles podem oferecer localizadores automáticos com mecanismo acionado por correias, para evitar tremores ao rastrear um objeto, tubo de aço e nitidez de borda, tudo para obter as melhores imagens do universo.
Por: Daniele Cavalcante