Segundo o relatório Global Plastics Outlook — Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options, lançado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em fevereiro deste ano, 460 milhões de toneladas de plástico foram produzidas em 2019, no entanto apenas 9% dessa quantidade foi reciclada após a utilização.
Tendo em vista que a produção de resíduos mais que dobrou de 2000 para 2019, mapear soluções para essa crise é uma tarefa urgente. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Stanford (Califórnia) publicaram um estudo apontando como possível solução o uso de larvas que tem a capacidade de digerir plástico.
As larvas conhecidas como bicho-da-farinha são a forma intermediária do besouro Tenebrio molitor, muito conhecidas pelos criadores de aves, já que são comercializadas como alimento para pássaros em cativeiro. Mas, segundo o estudo, além de alimentar aves e répteis, as larvas do Tenebrio molitor podem contribuir para a reciclagem de isopor.
A equipe de cientistas da Califórnia descobriu que esses insetos conseguem transformar metade do isopor que consomem em dióxido de carbono, e a outra porção restante é excretada em forma de fragmentos decompostos. Isso ocorre porque as larvas têm uma bactéria no sistema digestivo que tem a capacidade de decompor alguns tipos de polímero.
Outra pesquisa, realizada na Polônia, analisou a capacidade do bicho-da-farinha de degradar outros tipos de plástico. Os resultados sugerem que esses insetos conseguem digerir não apenas isopor, mas também restos de espuma de poliestireno de isolamento térmico predial, dois tipos de poliuretano (esponja de cozinha e espuma de isolamento térmico comercial) e espuma de polietileno. Após 58 dias, a eficiência da redução de massa para todos os plásticos investigados foi de 46,5%, 41,0%, 53,2% e 69,7%, respectivamente.
Supervermes também podem ser usados na reciclagem
Além do bicho-da-farinha, outro verme que pode contribuir para a reciclagem de plásticos é uma larva chamada Zophobas morio, também conhecida como “superverme”.
Pesquisadores da Universidade de Queensland (Austrália) conduziram um estudo utilizando tal larva para biodegradar poliestireno, plástico comumente chamado de isopor. O superverme não só sobreviveu à dieta baseada em plástico, como teve até um ganho de peso.
Segundo a pesquisadora Jiarui Sun, coautora do estudo, os próximos passos da investigação devem focar em cultivar as bactérias intestinais do Zophobas morio em laboratório para testar sua capacidade de biodegradar plásticos em escalas maiores.
Por: Estadão Canal Agro