A educação como ferramenta capaz de transformar o mundo e o educador como construtor de identidades, de cidadãos mais críticos e conscientes de seu papel na sociedade. Essas foram algumas das mensagens repassadas por especialistas a cerca de 600 profissionais da educação de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre que participaram do 11° Encontro Interestadual do Programa A União Faz a Vida, promovido pelo Sicredi nesta segunda e terça-feira (07 e 08 de novembro), em Cuiabá.
Com o tema Uma Viagem Pela Jornada do Educador na Escola, o evento debateu temas que fazem parte do cotidiano e são grandes desafios para os educadores como a necessidade de um olhar especial para a educação infantil, a educação inclusiva, a inovação no ambiente educacional e a busca incessante pelo conhecimento. Além de proporcionar a formação, o evento foi um momento para os profissionais trocarem experiências e vivências.
“Depois de dois anos de evento no formato virtual, a reunião dessas pessoas é uma forma de celebrar e reconhecer a importância desses profissionais, que anualmente se dedicam a este trabalho, em parceria com o PUFV”, afirma Suellen Lins, analista de Responsabilidade Social da Fundação Sicredi, uma das palestrantes. O Sicredi desenvolve o PUFV há 27 anos no Brasil e há 17 anos em Mato Grosso. É o principal programa de responsabilidade social da instituição financeira cooperativa, que através de uma metodologia própria pautada pelos princípios de cooperação e cidadania, contribui com milhares de instituições de ensino para que desenvolvam o protagonismo de crianças e adolescentes que aprendem de maneira participativa. Isso porque o Sicredi acredita no papel transformador da educação, para construção de um mundo melhor para todos.
Esta também é a crença da professora de educação infantil Marcilei Santos, que trabalha em um Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) em Santarém. Ela conta que este ano foi duplamente desafiador. Além de ter o primeiro contato com o PUFV e a pedagogia de projetos, ela teve de aplicar a metodologia para uma turma até então desconhecida: a do berçário. Depois de anos trabalhando com crianças maiores, em 2022 ela está em sala de aula com 17 bebês, com idades entre 1 ano e 2 anos. “E o programa foi fundamental para me ajudar a desenvolver o que aplico em sala de aula. Está sendo uma surpresa muito gratificante para mim ver a participação deles nas atividades e a evolução. Chegaram à metade do ano se comunicando, falando e comendo sozinhos, com muita autonomia. É um orgulho”, comenta a professora que viajou mais de 1,7 mil km (quase dois dias) para participar do evento.
Também de Santarém, Geones Marques, coordenadora de um Cmei, afirma que é perceptível no dia a dia as transformações provocadas pelo programa, implantado na unidade em 2019. “Não só os professores estão mais envolvidos com os alunos, como os alunos e os familiares estão mais envolvidos com a escola e o processo de aprendizagem. Os pais querem participar das expedições investigativas, das exposições que ocorrem ao fim das atividades”, afirma ao analisar que houve uma mudança na mentalidade de todos. “A partir da escuta sensível das crianças, todo o trabalho é construído. Não é mais o professor que chega com tudo pronto e acabado. Tudo é construído com as crianças, com a família e com a comunidade”.
Em Mato Grosso, na cidade de Sorriso, a experiência com o PUFV é tão positiva que a partir do ano que vem toda a rede municipal de ensino infantil, formada por 250 professores e mais de mil alunos (até quatro anos de idade), farão parte do programa. Ivanete Ferro, coordenadora da Secretaria Municipal de Educação, afirma que a prefeitura é parceria do Sicredi desde 2014 e que a evolução observada motivou a prefeitura a ampliar a rede de escolas incluídas no programa.
Janete Gonçalves é professora na cidade e afirma que se sente orgulhosa de ver as crianças falando sobre as atividades, escolhendo os temas que vão estudar. “Eles se sentem verdadeiramente protagonistas do aprendizado”, diz ela ao contar sobre um projeto que ficou na memória. “Durante o desenvolvimento do projeto sobre animais de estimação, o animal de um aluno morreu. A professora aproveitou para ensinar sobre luto, a perda. Outra atividade, que foi a palestra de um médico veterinário na escola fez com que eles descobrissem que os animais também podem ir ao médico para cuidar da saúde. Eles ficaram muito surpresos com isso”, lembra.
Focado no protagonismo estudantil, o Programa A União Faz a Vida (PUFV) trabalha na formação continuada de professores para o desenvolvimento dos princípios da cooperação e cidadania nas escolas. Executado pelo Sicredi em parceria com milhares de instituições de ensino do Brasil, o programa atendeu mais de 3,7 milhões de alunos nos últimos 27 anos, com a participação de mais de 180 mil professores em mais de 520 municípios brasileiros.
Nos estados de Mato Grosso, Pará, Rondônia e Acre, o programa é desenvolvido em mais de 70 cidades e atende mais de 460 escolas. O número de educadores habilitados passa de 7,6 mil e a quantidade de crianças e adolescentes impactados chega a 115 mil.
No Encontro Interestadual deste ano, a lista de palestrantes contou com Ida Pietricovski, especialista em Mobilização Social e Comunicação e em Comunicação para o Desenvolvimento (C4D); Emília Cipriano, doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP); Luciene Monteiro, doutora em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora/MG; José Pacheco, educador, pedagogo e pedagogista, nascido na cidade do Porto, em Portugal, e grande dinamizador da gestão democrática na educação; e Conrado Schlochauer, fundador da Nōvi – a Lifewide Learning Company e autor do livro Lifelong Learners – O Poder do Aprendizado Contínuo.