O novo drone MK30 da Amazon poderá viajar numa área maior, terá mais resistência às altas (e baixas) temperaturas, será capaz de voar na chuva (leve) e ser usado com mais frequência – além de gerar menos barulho.
É o que diz David Carbon, vice-presidente da Prime Air, área de drones da gigante de tecnologia. Em palestra durante o evento Delivering the Future, da Amazon, que aconteceu na última quinta (10) em Boston, o executivo explicou quais são as dificuldades para estabelecer um serviço aéreo de entregas nas grandes cidades e os planos da Amazon para superá-las.
“Trabalhamos há mais de uma década para transformar em realidade o sonho de fazer milhares de entregas por drones em todo o país, em uma hora ou menos”, diz o executivo. No começo de 2023, os planos começam a ganhar força, com a liberação das entregas em Lockerford, na Califórnia, e College Station, no Texas. “O desafio maior é com a legislação, mas estamos começando a vencer algumas batalhas”, diz.
A maior arma para conseguir a autorização da Federal Aviation Administration, nos EUA, são os sistemas movidos a sensores – que seriam, segundo Carbon, capazes de evitar choques com outras aeronaves, pássaros, pessoas, pets e obstáculos em geral. Nesse sentido, diz, os aparelhos de última geração teriam um desempenho exemplar.
É o caso do MK30, que deve começar a voar em 2024, carregando pacotes de no máximo 2,2 kg. Os planos da Amazon são ambiciosos: conseguir autorização da FAA em grandes cidades e “entregar 500 milhões de pacotes por drones por ano, até o final da década”, pontua Carbon.
Mapas e alertas
A logística das entregas esteve no centro das discussões durante todo o evento. Benyl Tomay, VP de Last Mile Technologies, apresentou uma nova tecnologia chamada fleet edge. A proposta é coletar o máximo de dados sobre os possíveis trajetos de entrega e, com os dados em mãos, usar inteligência artificial par criar mapas interativos cada vez mais precisos. “Os modelos de mapas eletrônicos estão muito avançados”, disse Benyl. “Conseguimos adicionar cada vez mais detalhes. E, quanto mais completo é o modelo, mais podemos fazer pelo motorista.”
Não se trata de um simples GPS. Informações como “evitar área às 17h, saída de escola” e “cuidado, cão perigoso” são fornecidas aos motoristas a fim de evitar atrasos e acidentes. “Para montar o nosso sistema único de logística, usamos mapas dos cinco principais produtores do mundo”, diz Mai Lee, VP of Last Mile Amazon, que concedeu entrevista a Época NEGÓCIOS.
Depois, as informações ainda são combinadas com dados de “map makers” locais. “Eles nos dizem o tempo real de cada trajeto, as características de cada vizinhança, a rotina das escolas, o estado das ruas, coisas que não teríamos como saber apenas com os mapas dos fornecedores”, diz Mai Lee.
Ameaças ocultas
No dia 24 de outubro, um entregador a Amazon faleceu depois do ataque de um cachorro em Missouri, quando tentava entregar uma encomenda. “Foi um incidente lamentável”, diz Mai Lee. “Nos EUA, um terço das casas tem pets. No nosso app, incluímos um popup de cachorro nas casas que têm o animal, e ainda mandamos mensagem para o cliente, avisando que o entregador está chegando, pedindo para isolar os cachorros e acender todas as luzes”, diz.
Existem situações, porém, onde a ameaça é o próprio motorista, que apresenta um comportamento negligente ou agressivo ao volante. “Para resolver, começamos a mandar alertas para prevenir essas atitudes, notificações em tempo real quando acontecem, e relatórios posteriores, para indicar quais comportamentos o motorista precisa melhorar”, diz a executiva.
Segundo a empresa, as providências conseguiram reduzir acidentes por negligência em 8,7%, por alta velocidade em 5,9%, e com distância pequena do carro da frente, cinto de segurança e descaso com sinais de trânsito, em 5,2%. “Sinal de que eles estão prestando atenção”, conclui.
Por: Marisa Adán Gil, de Boston*