A Fundação Nacional de Artes (Funarte) lançou hoje (8), no Rio Innovation Week (RIW), o seu novo programa Inova Funarte, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Com o Inova Funarte, a fundação busca também reafirmar a presença do Brasil como referência latino-americana na área, colaborando e fomentando ambientes de inovação nacionais e internacionais.
O RIW é considerado o maior encontro de tecnologia, inovação e negócios da América Latina.
O presidente da Funarte, Tamoio Athayde Marcondes, disse em entrevista à Agência Brasil, que a fundação empenhou, nos últimos 4 anos, R$ 18 milhões na UFRJ para promoção de artes no Brasil, em todas as linguagens, e produção de conteúdo.
“O Inova Funarte é uma plataforma que vai juntar no ambiente virtual, viabilizar e desenvolver, soluções inovadoras para a gestão cultural no país”, disse.
A UFRJ participa do projeto com seu corpo técnico de professores, pesquisadores e fazedores de cultura de forma geral, que vão auxiliar a Funarte na implementação dessa plataforma.
A partir desta terça-feira, a Funarte vai investir R$ 500 mil na UFRJ para que a nova ferramenta possa entrar no ar de forma plena. Tamoio Marcondes estimou que isso deverá acontecer dentro dos próximos 3 meses. Tão logo a ferramente seja colocada integralmente no ar, a Funarte procurará parceiros privados para o programa.
O presidente da Funarte destacou que o novo estatuto da fundação, aprovado recentemente, prevê ações de inovação. “Com isso, a gente consegue, sendo uma instituição de ciência, tecnologia e inovação, atingir recursos privados, de patrocinadores, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e conectar a plataforma no mundo virtual”.
Eixos
O Inova Funarte tem três eixos, dos quais um já está disponível e pode ser acessado em ambiente virtual no site da fundação. Trata-se do Funarte EaD (educação a distância), plataforma de cursos online gratuitos, que já conta com mais de 40 mil alunos inscritos. Marcondes explicou que esse eixo do Inova Funarte tem desenvolvimento interinstitucional. “Porque não é uma imposição da Funarte de produzir conteúdos, porque o desenvolvimento dos cursos, com financiamento da fundação, é feito por artistas, pesquisadores, professores, universidades. Não é a Funarte determinando [conteúdos]. As necessidades surgem no seio da produção cultural e a gente transforma isso em cursos online”, explicou.
O Funarte em EaD engloba toda a Academia Arte de Toda Gente, programa em parceria com a UFRJ em que centenas de cursos foram desenvolvidos em formato digital, no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) da universidade e com base nas ações planejadas dos projetos Um Novo Olhar (UNO), Bossa Criativa, Sistema Nacional de Orquestras Sociais (Sinos), Arte em Circuito, Projeto Bandas e Projeto Ópera.
A segunda vertente do novo programa é a Funarte Conecta, que é um portal de acesso aos conteúdos digitais produzidos pela fundação e seus parceiros, tanto de forma presencial, como digitais. “São as nossas feiras, resultados de nossos editais, as políticas públicas que a gente investe no Brasil. E, com o Funarte Conecta, a gente dá mais transparência e faz difusão desse material sem fronteiras, considerando o contexto do país de dimensões continentais e que a língua portuguesa está presente no mundo inteiro. Então, a gente consegue se conectar para além-mar”.
O terceiro eixo, preferido do presidente da fundação, é o Funarte Lab, que é um laboratório de pesquisa aplicada em arte, inovação e tecnologia. “A nossa ideia é sintonizar criadores de tecnologia para facilitar a integração das artes. Eu chamo isso de fruição das artes na contemporaneidade”.
A partir desse eixo Funarte Lab, a intenção de Marcondes é investir no desenvolvimento de aplicativos. “Eu brinco que é o Tinder [aplicativo de namoro] das artes. Eu vou juntar ali um produtor cultural, um artista, um técnico de som ou qualquer um que trabalhe na cadeia de produção cultural, e ele, por meio do aplicativo desenvolvido pelo Funarte Lab, sabe onde tem oportunidades de trabalho onde pode participar”.
Estarão integradas ali todas as políticas públicas que existem a nível federal, estadual e municipal, bem como as privadas, por meio de leis de incentivo à cultura. Marcondes disse que todos esses atores públicos e privados não têm uma plataforma em que conseguem ver tudo organizado, o que está sendo feito ou o que pode ser potencializado, juntando, por exemplo, iniciativas do estado com o município. Por isso, segundo ele, com o Funarte Lab “vai ser uma pesquisa aplicada para a gente sintonizar e integrar todos os atores, por meio da tecnologia, por meio de aplicativos e plataforma, e realidade metaverso (integração entre mundo real e virtual).
Imersão
A participação da Funarte e da UFRJ no RIW inclui a disponibilidade de versões virtuais em 360 graus das exposições Hinos do Brasil e Bicentenário da Independência em Selos Postais, por meio das quais o público poderá percorrer, à distância, as mostras que se encontram montadas fisicamente no Palácio do Planalto. As exposições imersivas podem ser acessadas por smartphones e, também, por meio de óculos de realidade virtual. A experiência foi produzida pela equipe do Núcleo de Mídias Digitais (NuMiDi), do Arte de Toda Gente, programa resultante de parceria da Funarte com a UFRJ, com curadoria da Escola de Música da universidade.
A exposição Hinos do Brasil é composta pelos manuscritos dos hinos pátrios, entre os quais os hinos Nacional, da Independência e à Bandeira, pertencentes à Biblioteca Alberto Nepomuceno da Escola de Música da UFRJ. A mostra inclui documentos que integram o processo de construção dessas partituras e a iniciativa conta com a parceria da Comissão Interministerial Brasil 200 Anos.
Já a mostra Bicentenário da Independência em Selos Postais conta com a parceria do Correios e é apresentada em seis painéis, com diferentes peças filatélicas lançadas ao longo desses 200 anos, inspiradas na data nacional.
Os ingressos podem ser adquiridos na plataforma sympla.
Por: Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro