Ainda é muito comum ver bebês sendo alimentados por papinhas. Esse recurso já é bastante antigo, não é mesmo? Nossas mães aprenderam com nossas avós e elas aprenderam com suas mães e no fim das contas, se tornou o método tradicional mais utilizado.
A cerca da nutrição infantil, a Organização Mundial de Saúde (OMS), recomendava que, a partir dos 6 meses de idade, fossem inseridos alimentos complementares à dieta dos bebês, como papinhas e sucos, mas isso mudou. A recomendação atual é que os pequeninos já podem comer os mesmos alimentos que a família, pois já são capazes de ingeri-los. Mas calma, nada de muito tempero, sal em pouca quantidade e açúcar não pode em hipótese alguma antes dos dois anos.
Causa um certo estranhamento ver uma criança de seis meses comendo um pratinho do típico arroz com feijão. Thaynara Araújo, mãe de Thomaz, conta que mudou o tempero para atender às necessidades do filho. “Ele come a mesma comida que nós comemos, então é mais fácil reduzir o tempero e às vezes até não usar sal do que preparar o alimento dele separado. Pelo menos assim nós nos obrigamos a ter uma alimentação mais saudável.”
No entanto, há outro método que tem atraído muitas mamães e papais, se trata do BLW ( Baby Led Weaning), que consiste em apresentar os alimentos oferecendo-os em pedaços para a criança, assim, ela mesma pega o alimento e o leva à boca. O que mais atrai neste método de desmame é que ele promove um maior desenvolvimento dos sentidos e da coordenação motora, além de ser considerado muito saudável.
Através dessa técnica, os responsáveis pela criança começam a introduzir frutas, verduras e legumes raspados ou em cortes seguros. O BLW desenvolve o controle motor oral apropriado para a idade, sendo considerado por muitos nutricionistas uma experiência positiva e interativa. Segundo a nutricionista Materno Infantil, Thais Paes, essa interação promovida pelo recurso é importante para gerar intimidade entre o bebê e a comida, já que a recusa por alimentos saudáveis está cada vez mais crescente.
Apesar de todos os benefícios trazidos pelo BLW, uma grande preocupação por parte dos pais é o medo da criança engasgar-se. “Para fazer o método é necessário que o bebê já esteja fazendo o movimento de pinça, ou seja, ele precisa saber pegar a frutinha que vai comer e precisa já sentar firme, pra reduzir o risco de engasgue”, pontua a nutricionista.
Ela defende ainda que o recurso não é mais arriscado que uso de papinhas e líquidos. É importante lembrar que a supervisão e acompanhamento durante as refeições é essencial para a segurança do bebê. Além desses pré-requisitos, especialistas afirmam que os bebês, aos seis meses, são capazes amassar os alimentos na boca, mesmo na ausência de dentes.
“O BLW acaba aguçando ainda mais o paladar da criança, então ela diferencia a textura, o sabor e o cheiro e tem autonomia para escolher o que quer comer, já que a gente oferece algumas opções de alimentos e ela pega o que preferir”, defende a nutricionista Materno Infantil Thais Paes.
“É possível se alimentar só pelo BLW, porém demanda um pouco mais de tempo, então se existe disponibilidade, vale muito à pena optar por esse método, mas também pode-se utilizar a técnica junto com as papinhas tradicionais e a dieta comum à família”, afirma a nutricionista.
Ana Luise, mãe de Analu, conta que conheceu o recurso por meio de uma amiga, e depois de algumas pesquisas, decidiu optar por esse caminho. “O que me levou a adotar o BLW foi a independência que minha filha adquiriu em poder comer sozinha alimentos que sejam saudáveis “, afirma Ana Luise.
A utilização de papinhas, o recurso BLW ou a dieta correspondente à da família não são métodos que disputam entre si no quesito eficácia, na verdade cada um tem importância equivalente e não causam mais ou menos riscos à saúde do bebê. Portanto, a escolha do método de introdução de alimentar varia de acordo com a disponibilidade de tempo, recursos financeiros e desenvolvimento individual de cada criança.
Texto: Milena Vilar