O agronegócio brasileiro deve alcançar mais uma safra recorde neste ano. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção de grãos pode atingir 312,4 milhões de toneladas na safra 2022/23. O aumento da produtividade passa pelo investimento em diferentes tecnologias, que melhoram desde o aproveitamento de área de plantio, ajudam na redução de despesas e até mesmo facilitam o acesso à serviços financeiros para quem mora no interior.
Joel Risso, diretor da Vertical Agtech da ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia), afirma que o Agro brasileiro tem jornada já de longa data na assimilação de tecnologia e isso tem garantido o sucesso do setor, sua resiliência a crises e crescimento consistente nos últimos anos. Pode-se dizer que a adoção de tecnologia no agronegócio passou por diferentes estágios desde as décadas de 1970 e de 1980 com a Revolução Verde (pacotes tecnológicos que proporcionaram escala), mas agora está cada vez mais acelerada na nova era dos dados. Nesse momento, a inovação e a adoção de tecnologia passaram a ser aceleradas, aproximando os produtores e corporates das Agtechs, startups ou empresas de tecnologia especializadas em soluções para o agro e impulsionando ainda mais os ganhos de eficiência.
“Somos o país em que o produtor rural já é o mais digitalizado e a nova geração está mais aberta a testar e assimilar novas tecnologias. E isso é verdade também no ambiente corporativo das corporates, que tem se aproximado dos ecossistemas de inovação, criando mais espaço à inovação aberta e trazendo ganhos para a operação”, explica. O diretor completa ainda que a tecnologia além da porteira, como o e-commerce para compra de insumos, uso de multicanais e armazenamento e análise de dados vão gerar ainda mais possibilidades de avanço. “A gestão do negócio está se profissionalizando. Muitas ferramentas têm sido desenvolvidas por startups. Acompanhar os números e indicadores nos imóveis rurais permite tomar decisões mais assertivas”, completa.
Risso afirma ainda que a popularização do 5G deve ajudar no problema de conectividade, que ainda é uma das dores do setor. Além disso, ele enxerga oportunidades em tecnologia para melhorar a logística para escoar a produção e otimizar o plantio para gerar mais de uma safra em uma mesma área já disponível. “O Brasil tem condições de mais do que duplicar a produção de grãos sem desmatar, cumprindo o seu papel de garantir o suprimento de alimentos e biocombustíveis, cuja demanda deve crescer nos próximos anos. Aqui tem mais oportunidades de a tecnologia operar para evitar desmatamentos. O mercado e o consumidor não querem um produto ambientalmente responsável e socialmente justo”, finaliza
Energia de qualidade é aliada na redução de custos e aumento da produtividade
O alto custo com eletricidade gerado nas atividades agrícolas fez com que o investimento em energia solar ganhasse espaço entre trabalhadores do campo. Segundo a Aneel, a potência instalada nas propriedades rurais em todo o Brasil aumentou cerca de 75% de janeiro a abril de 2022 – atualmente, esse setor é responsável por 13,7% da potência instalada no Brasil, o que representa mais 75,8 mil sistemas fotovoltaicos instalados. De acordo com Ricardo Saraiva, Diretor Comercial da Edmond, startup que atua no segmento solar, essa energia renovável desponta não apenas como uma alternativa para a redução de despesas, mas também como aliada para o aumento da produtividade no campo.
“A autoprodução da energia solar traz vantagens competitivas para o campo porque ajuda na redução de custos e oferece ao agricultor o acesso à energia de qualidade, até mesmo em áreas em que a energia produzida por hidrelétricas não chega. Com isso, o produtor consegue investir em maquinários modernos, na digitalização e na automatização dos produtos produtivos”, explica. “Diante desse cenário, quem atua no segmento solar precisa entender como oferecer os melhores produtos e, principalmente, as melhores formas de financiamento ao produtor rural”.
As linhas de financiamento exclusivas a cada perfil de cliente e complexidade do projeto são o foco do trabalho da Edmond por meio da vertical Bank, que também possibilita a automatização de pagamentos e a cobrança digital sem limites de valor. “A modernização do agro precisa ser incentivada de diversas formas. Uma delas é possibilitar que o produtor tenha acesso a uma energia limpa, que permita a economia e o direcionamento de esforços para o investimento em novas tecnologias”, complementa Saraiva.
Tecnologia leva mais acessibilidade financeira para zonas rurais
Uma parceria entre a CashWay, techfin de Florianópolis/SC, e a Sinqia, uma das maiores provedoras de software para o setor financeiro do Brasil, tem ajudado a diminuir a falta de acesso a serviços financeiros no interior do país. Embora também atenda outras instituições, a CashWay dá grande atenção a pequenas e médias cooperativas de crédito, oferecendo core bancário, compliance, Pix, Internet banking e app white label. Nesse grupo de clientes, estão contempladas as cooperativas do setor rural, que, por vezes, não têm acesso a tecnologias de ponta.
Segundo uma pesquisa realizada no segundo semestre de 2022 pela PWC, entre as ações sociais desenvolvidas pelas cooperativas de crédito, a principal delas é a educação financeira para a comunidade local (85%). “Nosso trabalho é ajudar a levar mais inclusão financeira para o interior, chegando a cerca de 552 mil clientes finais. Até o início de setembro deste ano, mais de R$ 500 bilhões foram transacionados pela plataforma da CashWay. Nosso propósito, de democratizar o acesso aos serviços financeiros, levando para o interior acesso à tecnologia com benefícios como crédito, conta e transações bancárias aos pequenos e médios produtores rurais, se constrói a cada dia”, explica o CEO da empresa, Felipe Santiago.
Na Crediseara, por exemplo, a tecnologia da CashWay foi essencial para a expansão da cooperativa, que atua com crédito rural no interior de Santa Catarina. Segundo o diretor administrativo da Crediseara, Ademilso Auziliero, é difícil atingir uma escala de negócios sem tecnologia. “A CashWay nos possibilitou essa expansão por ser um sistema de fácil adaptação e entregar o que propõe: agilidade no operacional e na parte de front. O associado vem na cooperativa quando precisa de atendimento e tem um sistema que traz facilidade para as operações, como análise de crédito, por exemplo”.
Piloto automático permite aumentar em até 5% o aproveitamento de área de plantio
O mercado de agricultura de precisão tem crescido ano a ano. Segundo a consultoria Market and Markets, ele deve passar de US$ 12,9 bilhões em 2021 para US$ 20,8 bilhões em 2026, um aumento de US$ 7,9 bi, em um ritmo de 10% ao ano. Essas ferramentas permitem um controle avançado sobre as máquinas agrícolas, com sistemas como piloto automático, por exemplo, que pode aumentar em até 5% o aproveitamento de área de plantio, segundo levantamento feito pela divisão de Agricultura da Hexagon, que desenvolve soluções digitais para o campo e a floresta.
O HxGN AgrOn Piloto Automático é um grande aliado do produtor, melhorando o desempenho e a precisão da operação. A tecnologia ajuda na navegação de tratores, máquinas e implementos agrícolas e florestais, garantindo o alinhamento e minimizando a sobrepassagem durante o plantio, aplicação de insumos e tratos culturais. Além disso, o produtor pode planejar a rota diretamente do escritório ou de uma sala de controle. Com isso, é possível maximizar os recursos de campo e reduzir a repetitividade da trajetória, além de diminuir significativamente a compactação do solo.
Outros recursos, além da agricultura de precisão, também podem ajudar a garantir processos mais ágeis e assertivos na lavoura. A logística automatizada, por exemplo, permite que as máquinas se desloquem menos e de forma mais eficiente. “O planejamento detalhado das operações aliado a ferramentas de monitoramento de frotas pode gerar economias de 10% de combustível pela otimização do processo”, explica Bernardo de Castro, presidente da divisão.
Fonte: Dialetto