sábado,23 novembro, 2024

“A bioeconomia é uma oportunidade para a América Latina alcançar a redução da pobreza em zonas rurais”

A Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, Laura Suazo, assegurou que a prioridade de sua gestão é ajudar os camponeses a melhorar seus rendimentos agrícolas, combater a pobreza dos solos e alcançar um comércio justo, de maneira que tenham acesso a uma vida digna e não abandonem o campo.

Um maior desenvolvimento da bioeconomia pode ser a chave para que Honduras e outros países latino-americanos reduzam a dependência de sua agricultura de insumos externos e alcancem uma redução da pobreza nas zonas rurais, disse a Secretária de Agricultura e Pecuária de Honduras, Laura Suazo, em uma entrevista para o programa AgroAmerica, transmitido pelo canal brasileiro de TV Agro Mais.

“A bioeconomia é mais do que necessária para avançar para um desenvolvimento sustentável e lutar contra a pobreza, que afeta a maioria dos pequenos produtores agropecuários de Honduras. Não podemos continuar a produzir como se os recursos naturais foram infinitos; devemos utilizá-los de maneira que nos permitam gerar riqueza sem prejudicar o meio ambiente”, disse Suazo, a primeira mulher à frente da pasta de Agricultura e Pecuária de Honduras, cargo para o qual foi designada por quem também é a primeira mulher Presidente do país centro-americano, Xiomara Castro.

Suazo, engenheira agrônoma de profissão, foi eleita em julho passado Presidente do Comitê Executivo do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), órgão de governo do organismo internacional especializado em desenvolvimento agrícola e rural.

“Fiquei muita honrada ao ser nomeada Presidente do Comitê Executivo. No IICA, os países das Américas estão enfrentando os desafios globais da agricultura. Há alguns anos, poderíamos dizer que eram a pobreza estrutural nas zonas rurais e o impacto da mudança do clima. Mas hoje estamos além disso, diante de uma economia debilitada pela pandemia de Covid-19 e os graves problemas gerados pelo aumento dos preços dos fertilizantes químicos, dos combustíveis e dos fretes marítimos, por causa da guerra no Leste Europeu”, explicou Suazo.

“Os agricultores devem enfrentar maiores custos, que não são compensados pelo preço pago pelos alimentos que produzem”, acrescentou.

As respostas a esse cenário de crise devem ser buscadas em um maior desenvolvimento da bioeconomia e na utilização de tecnologias, considerou Suazo, que descreveu: “Esses são eixos centrais do trabalho que estamos realizando com o IICA, organismo que desempenha um papel muito importante como construtor de parcerias e articulador com atores como universidades, governos e empresas. Juntos podemos encontrar soluções melhores e mais rápidas para colocar a tecnologia e as informações nas mãos dos pequenos produtores. Precisamos que o conhecimento chegue a eles, para que a ciência resolva os problemas reais da agricultura, que são a dependência de insumos externos e a pobreza”.

A bioeconomia é um modelo de aproveitamento pleno dos recursos e princípios biológicos para a produção e industrialização, impulsionado pelas novas fronteiras da ciência, tecnologia, conhecimento e inovação. Nos últimos anos houve um crescimento significativo na América Latina e no Caribe, embora seu potencial para um maior desenvolvimento seja enorme, devido à riqueza de recursos naturais da região.

Nesse sentido, Suazo destacou a oportunidade que a produção e o uso de adubos orgânicos representam para Honduras. “Eles não só podem ser mais eficientes do que os fertilizantes químicos — disse —, mas podem gerar empregos no país e reduzir a dependência de importações. Hoje há uma oferta e demanda crescentes por adubos orgânicos em Honduras, embora ainda existam agricultores que não conhecem plenamente o seu potencial. Podem ser uma janela para um negócio grande no país”.

A secretaria também se referiu ao impacto da mudança do clima na agricultura de Honduras, que descreveu como um dos países mais vulneráveis do mundo a esse fenômeno global.

“Parte da vulnerabilidade — explicou — está relacionada a uma economia pobre, pois não existe infraestrutura, muitas pessoas vivem onde não é possível viver e não há uma capacitação adequada para os produtores sobre como se adaptar. Devemos fazer mais, e existem oportunidades. Embora tenhamos chuvas suficientes, não contamos com a capacidade de armazenar água para que nossos produtores a usem durante a estação seca para produzir, embora existam alguns exemplos pilotos de reservatórios de grande porte para cooperativas. Além disso, precisamos recuperar práticas ancestrais que melhorarão a sustentabilidade. São temas pendentes no país”.

Suazo assegurou que a prioridade de sua gestão é ajudar os camponeses a melhorar seus rendimentos agrícolas, combater a pobreza dos solos e alcançar um comércio justo, de maneira que tenham acesso a uma vida digna e não abandonem o campo.

“Estamos trabalhando para mudar a agricultura. A mudança começa quando a pessoa analisa quais são as causas da pobreza e tem acompanhamento para encontrar oportunidades. Estamos ajudando as comunidades a se organizar, a que fixem prioridades e identifiquem os recursos que existem em cada região para promover uma economia local. Precisamos de uma agricultura humana, em que os camponeses recuperem a dignidade e o orgulho de ser pequenos produtores”, concluiu.

Agro América é um programa do canal brasileiro de TV Agro Mais, do Grupo Bandeirantes de Comunicação, e fruto de uma parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). A transmissão apresenta a atualidade do setor agropecuário e da ruralidade nos países membros do IICA, com o objetivo de promover a troca de experiências e uma discussão sobre os desafios e as oportunidades da América Latina e do Caribe na área de desenvolvimento agropecuário e rural.

Fonte: IICA

Redação
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