As aplicações que envolvem o 5G podem trazer um benefício de R$ 590 bilhões por ano ao país até 2031, segundo um estudo que envolveu o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a consultoria de negócios Deloitte e o governo brasileiro.
Ainda, segundo uma estimativa da consultoria Omdia e da Nokia, as melhorias que o 5G pode trazer ao país tem capacidade de elevar o PIB em US$ 1,2 trilhão até 2035.
Apesar de o 5G ter ganhado reconhecimento por trazer ao usuário uma internet mais rápida, essa não é a única função da tecnologia — e não é o principal motivo pelo qual as previsões estejam otimistas.
Isso porque a nova tecnologia traz a capacidade de conectar e automatizar aparelhos e equipamentos. Isso acaba proporcionando aos negócios maior produtividade e, consequentemente, maior lucro — trazendo benefícios à economia do país, como indicado pelos estudos.
Benefícios
Segundo Alberto Silva, especialista em telecomunicações da consultoria internacional de negócios Bain & Company, a expectativa é que o impacto aconteça especialmente no setor logístico, fazendo com que toda a cadeira — desde o caminhão até o navio cargueiro — esteja conectada por meio de uma solução 5G.
O especialista cita o setor automotivo como exemplo: “uma fábrica do grupo FCA [da marca Jeep], já utiliza uma rede privada de 5G em substituição ao cabeamento remoto, permitindo que se identifique falhas em componentes de um veículo através de câmeras de alta resolução”.
“Veremos cada vez mais impacto na nossa economia à medida que essas aplicações se tornem mais maduras”, explica.
Aplicações essas que já estão se concretizando no país. No interior de São Paulo, em Sorocaba, a Huawei, multinacional chinesa e uma das principais fornecedoras de 5G do mundo, já possui um centro de distribuição que funciona com a tecnologia.
Com 12 robôs autônomos conectados, capazes de carregar sozinhos até 800 kg de produtos e equipamentos em um espaço de 22 mil metros quadrados, o centro de distribuição registrou ganho de 25% na operação geral do espaço, além de uma redução de 30% no prazo de entrega logística e a eliminação total de erros operacionais.
Planos pós-pagos
Para a pessoa física, a dúvida que fica é: será necessário pagar a mais para utilizar a tecnologia?
Consultados pelo CNN Soft Business, o CEO da Claro, Paulo César Teixeira, o CEO da Tim, Alberto Griselli, e o vice-presidente da Vivo, Marcio Fabbris, representantes das três maiores operadoras do país, afirmaram que não haverá cobrança a mais pela disponibilização da rede de internet ultra rápida. Mas há ressalvas.
“A possibilidade maior de cobrança existe no segmento das empresas, porque a tecnologia naquela vertical permite gerar ganho de produtividade e cria valor. Gerando valor, é correto que o nosso setor, por disponibilizar essa tecnologia, possa capturar um pedacinho desse valor gerado”, afirmou Alberto Griselli.
Já Marcio Fabbris, vice-presidente da Vivo, explicou que o 5G permitirá que a operadora venda mais do que apenas conectividade. “Vamos empacotar a solução de conectividade com a solução da aplicação, que faz com que o cliente não precise se preocupar com a ideia de comprar componentes em separado.”
“Isso deve ser parte importante da receita do nosso segmento de negócio no futuro”, aposta.
Em relação às obrigações das operadoras, firmadas no leilão do 5G, que envolvem conectar a Amazônia e as escolas públicas do país, Paulo César Teixeira, CEO da Claro, disse que vai trabalhar em conjunto com Tim e Vivo.
“Vamos cumprir as obrigações dentro de uma perspectiva de sinergia. Hoje, antenas, de maneira geral, já são compartilhadas entre nós. O mesmo vai ocorrer agora nessas coberturas obrigatórias, que terão de ser feitas a nível de rodovias e pequenas localidades”, finaliza.
No episódio do CNN Soft Business deste domingo (11), os apresentadores Phelipe Siani e Fernando Nakagawa visitam o Centro de Distribuição da Huawei, em Sorocaba, e conversam com especialistas do setor sobre as implementações e mudanças no país com o 5G.