segunda-feira,25 novembro, 2024

Por que os animais têm caudas?

As caudas, ou rabos, estão presentes nos animais há centenas de milhões de anos, como podemos observar em registros fósseis: mas por que elas existem? Para que servem? Bem, nos primeiros peixes do planeta, elas tinham um formato de hélice e eram utilizadas para nadar melhor, escapando de predadores em alta velocidade. Na evolução em terra, no entanto, suas funções se diversificaram bastante.

Equilíbrio

Atualmente, podemos ver caudas em mamíferos, répteis, pássaros e insetos, servindo para comunicação, equilíbrio, e exibições para atrair parceiros. Nos dinossauros, incluindo o T. rex, acredita-se que o balanço da cauda para os lados ajudasse a balancear seus grandes corpos e cabeças — isto é, na posição bípede. Isso permitiria corridas mais rápidas para alcançar as presas.

Nos cangurus, a função é parecida, ajudando no equilíbrio na hora dos saltos, mas também contrabalanceando o peso e, inclusive, servindo como uma terceira perna para pegar impulso. Já animais quadrúpedes, como os gatos, costumam ter caudas mais longas e peludas, ajudando a se equilibrar em escaladas — como a baliza de um equilibrista.

Com funções ainda mais práticas está o rabo dos macacos, que além de ajudar no balanço, também é preênsil, ou seja, é utilizado para se agarrar em galhos, podendo até mesmo suportar seu peso enquanto comem ou se movimentam pelas árvores. Mas nem só de mobilidade vivem as caudas: alguns animais as utilizam na hora de brigar.

Na hora da briga

As raias dasiatídeas, por exemplo, têm caudas venenosas, também chamadas de ferrões, que podem causar extremo mal-estar ou até mesmo matar seres humanos. Cascavéis possuem o característico chocalho na ponta da cauda, com botões de pele seca que fazem barulhos de alerta a predadores, os assustando ou avisando de seu ataque iminente.

As girafas estão entre os animais pastoreiros que utilizam a cauda para afastar insetos (Imagem: Kelly Arnold/Unsplash)
As girafas estão entre os animais pastoreiros que utilizam a cauda para afastar insetos (Imagem: Kelly Arnold/Unsplash)

Embora muitos insetos possuam caudas, sua evolução aconteceu de forma diferente à dos animais com coluna vertebral, como répteis e mamíferos. A maioria deles utilizam essa parte do corpo para pôr ovos ou como ferrão, paralisando hospedeiros ou presas. Em alguns deles, como as vespas, a cauda possui as duas funções — certas espécies parasíticas inserem seus ovos no interior de hospedeiros.

Já animais pastoreiros, como gnus, bisões e elefantes, possuem um conjunto de longos fios na cauda, que podem ser utilizados como um espanador para afastar mosquitos e outros insetos sugadores de sangue. Cavalos e vacas também possuem essas características: elas são importantes pois, em grande quantidade, ter o sangue sugado pode ameaçar sua saúde.

Na hora de acasalar

Os pássaros, além de se equilibrar com auxílio de caudas emplumadas, as utilizam para direcionamento em voo ou, em alguns casos, para atrair parceiros. Exemplos claros são os pavões e perus, que exibem penas muito coloridas e atraentes na atração das fêmeas de suas espécies.

Quer exemplo melhor de caudas bonitas, utilizadas para atrair parceiros, do que o do pavão? (Imagem: Steve Harvey/Unsplash)
Quer exemplo melhor de caudas bonitas, utilizadas para atrair parceiros, do que o do pavão? (Imagem: Steve Harvey/Unsplash)

Animais que vivem e caçam em bando, como os lobos, mostram seu lugar no grupo através de posições da cauda. Os cães, que descendem deles, também usam o rabo para comunicação: quem nunca viu um cachorro balançar a cauda quando está animado?

Embora nós, humanos, não tenhamos cauda, nossos ancestrais tinham: acredita-se que elas sumiram há cerca de 20 milhões de anos, quando começamos a andar em posição ereta e não precisávamos mais dessa ajuda no equilíbrio. Provavelmente oferecendo mais riscos do que benefícios nesse caso, a seleção natural deu conta de se livrar dessa característica em nossas traseiras.

Fonte: Current BiologyU. of MelbourneBehavioral EcologyPNASExperimental BiologyJournal of MorphologyToxiconThe American Naturalist

Por: Augusto Dala Costa

Redação
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