Segurança, autonomia financeira e transparência são alguns dos benefícios que os usuários das criptomoedas, desde a criação da primeira delas – o Bitcoin –, buscam.
De uns anos pra cá, muitos escolhem não deixar mais seus investimentos nas mãos de bancos e instituições financeiras tradicionais por um falta de confiança no próprio governo, como é o caso do Brasil, Argentina e, ao que tudo indica, agora também o Canadá.
Neste ano, o Canadá chamou a atenção pela greve que os caminhoneiros implantaram como protesto à medida que exige o passaporte da vacina para quem entra no país. Essa greve foi considerada ilegal pelo governo, o que permitiu que o mesmo tomasse atitudes mais drásticas contra os protestantes, que tiveram suas contas no banco bloqueadas.
Muitos vêem esse episódio como uma possível abertura de precedente para que o governo possa novamente utilizar deste poder para repreender a população em casos futuros.
E é a partir dessa insegurança que surge uma maior procura pelas criptomoedas e pela transparência que o sistema das blockchains oferece, assim como já ocorre no Brasil e Argentina.
Criptomoeda pode ser alternativa contra violação de direitos
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Confisco da Poupança: Um trauma
Considerado, até então, um investimento conservador seguro, a Caderneta de Poupança no Brasil teve sua credibilidade profundamente abalada. Milhões de brasileiros tiveram seus sonhos interrompidos – como o da casa própria, por exemplo – ao verem suas economias confiscadas da noite para o dia.
Isso porque, o Primeiro Presidente da República eleito pelo voto direto após 30 anos, Fernando Collor de Mello, delegou à sua equipe econômica, liderada pela então Ministra Zélia Cardoso de Mello, o anúncio do pacote que incluía o confisco da poupança – esse anúncio ocorreu numa entrevista coletiva em 16 de março de 1990.
O pacote econômico, que foi batizado de “Brasil Novo” (mas ficou conhecido como “Plano Collor” ) determinava que os saques, a partir de 19 de março daquele ano, só podiam ser de 50 mil cruzados novos. O restante seria devolvido em 12 parcelas iguais a partir de setembro de 1991.
Ou seja, por 18 meses, o Governo reteve, através do Banco Central, cerca de 80% dos recursos aplicados dos brasileiros – caderneta de poupança, contas correntes e outras aplicações. O susto foi geral e houve uma sequência de complicações para a população nos meses seguintes.
Os efeitos do Plano Collor perduram até os dias de hoje. Quem vivenciou os anos 90, tem receio de deixar todas as suas economias na poupança e que a história se repita. E quem nasceu depois já entende que este investimento não vale a pena tanto pelo baixo retorno financeiro, quanto pela falta de confiança em quem gerencia este valor.
Também na América Latina, o povo argentino vivencia experiências econômicas, determinadas pelo Governo, que interferem na confiabilidade quanto às medidas adotadas, como a imposição de limite máximo de compra de dólar por cidadão. Isso impulsionou, por exemplo, a compra da criptomoeda DAI, que é fixada no valor do dólar, por parte dos argentinos.
Estamos falando de segurança e direitos individuais dos cidadãos, que ficam à mercê de decisões verticais que podem comprometer a vida presente, planos e sonhos de futuro.
Direitos Individuais e a legalidade dessas interferências financeiras
Historicamente, quase todas as interferências nos direitos individuais das pessoas são justificadas em prol do bem coletivo. Porém, governos mudam, lideranças mudam, e os poderes e interferências que aceitamos hoje poderão ser usados no futuro por quaisquer outros motivos no qual os governantes julguem factível.
Criptomoedas são alternativas se você não quer utilizar instituições financeiras tradicionais
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Ao longo do tempo, conseguimos ver que a centralização de poder é perigosa para todos. Qualquer violação de direitos individuais, por mais que seja bem justificada, abre precedentes para que ocorram novamente no futuro, mesmo sem nenhuma justificativa.
Acontecimentos como este ajudam a população a perceber, aos poucos, que a soberania individual é algo a ser cultivado e a centralização de poder é muito perigosa.
Por: Eduardo Erlo