Conectividade, inovação para médias empresas e tecnologias para alto desempenho são alguns dos temas tratados nesta sexta-feira, em Porto Alegre, durante o Encontro Nacional das Coordenadoras do Programa Rota 2030. O Enacoop Rota 2030 é um programa de desenvolvimento da cadeia automotiva que tem como foco incentivar a produção de novas tecnologias e inovações para o setor. Durante todo o dia, o Salão de Convenções da Fiergs recebe representantes da indústria automotiva que apresentaram novidades do setor.
O encontro é uma realização da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), em conjunto com o Instituto Senai de Inovação em Soluções Integradas em Metalmecânica (ISI SIM). Gerente de operações do ISI SIM, Victor Gomes explica que o objetivo do evento é mostrar para indústria que é possível trabalhar com desenvolvimento de tecnologia usando fomentos para dividir o risco com a indústria. “Projetos de desenvolvimento de tecnologia, principalmente na indústria, são projetos de alto risco, com alto grau de incerteza. Isso dificulta um pouco o investimento nesses projetos”, afirma.
Com apoio do Rota 2030, Gomes afirmou que é possível desenvolver novas soluções tecnológicas e aumentar a produtividade da indústria. “Tem um série de desafios de mobilidade, logística, descarbonização no Brasil e no mundo e a gente não pode ficar parado esperando soluções de fora do Brasil. A gente tem que aproveitar a massa crítica, tem muita gente boa no Brasil, tem institutos de ciências e tecnologia, tem universidades, mas sobretudo tem a indústria forte, que precisa continuar crescendo e desenvolvendo tecnologias”, completou.
Os principais temas apresentados durante o dia foram mobilidade, logística e tecnologias voltadas para aumentar a produtividade. “O grande objetivo desse evento é conectar pessoas, conectar indústrias, conectar esses centros de tecnologia e inovação para que a gente possa progredir”, salientou. “Queremos mostrar que é possível, que a gente já faz bastante coisa, que têm empresas que já estão em cem países trabalhando com tecnologia nacional desenvolvida inclusive com fomentos como esse do Rota 2030”, completou.
Na primeira palestra do dia, Juliano Perelli, da CNH Industrial, abordou o tema “Desafios no Agro”. Ao apresentar o trabalho desenvolvido pela empresa multinacional, que atua na fabricação de equipamentos de construção, agrícolas e veículos comerciais, equipamentos marítimos e motores, Perelli destacou a importância do uso de novas tecnologias no campo e do trabalho em conjunto com setores de pesquisa e inovação. Conforme Perelli, o maior desafio é desenvolver inovação com sustentabilidade.
“O agro é desafio. Todo dia você tem que quebrar barreiras, falar com clientes. Muitos já estão partindo para a parte tecnológica, já buscam isso, já vem atrás da gente buscando essa tecnologia, mas muitos ainda têm aquele lado que eu ‘não preciso disso’, ‘vou fazer do jeito que sempre fiz’, ‘sempre deu certo’, ‘não preciso ter a conectividade ou a tecnologia nas máquinas porque vou plantar aqui da mesma forma’. Mas ele não entende que se ele reduzir em 2 cm no plantio final ele vai ter uma redução de um hectare, por exemplo”, ressaltou.
Perelli afirmou que a CNH Industrial está entre as empresas mais inovadoras, o que resultou em várias premiações no país. E apontou quatro pontos fundamentais para o sucesso da empresa: clientes, mercado, antecipar tendências e soluções de problemas. “Procuro passar pro cliente, pros nossos parceiros, qual é o benefício de eu ter uma tecnologia com a máquina, qual é a importância dele ter aquilo, se ele vai usar ou não, de que forma ele vai usar, como que ele vai extrair aquilo”, salientou.
Diretor de Planejamento e Relações Institucionais da Embrapii, Igor Nazareth afirmou que o evento serviu para apresentar inovações do setor automotivo. “A ideia é apresentar um pouco do que está sendo feito no âmbito do Rota 2030, que direciona R$ 200 milhões por ano para apoiar pesquisa, desenvolvimento e inovação dos setores. O nosso objetivo é apresentar um pouco do que está sendo feito”, ressaltou. Nazareth afirmou que é importante também ouvir a demanda do setor privado e o que precisa ser feito para gerar mais inovação.
“No âmbito da Embrapii, que é uma das coordenadoras deste programa, foram 76 projetos apoiados, 86 empresas participando desse projetos e mais de R$ 112 milhões no projeto de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Temos trabalhado junto com as outras coordenadoras, junto com o ministério da Ciência e Tecnologia e principalmente com o setor privado para adaptar os nossos instrumentos de acordo com a necessidade”, frisou.
Ele destacou programas lançados recentemente de apoio para projetos de maior risco, que precisam de um consórcio e diferentes empresas para resolver um problema específico. “Lançamos também uma nova iniciativa que vai trazer consultores para apoiar a inovação dentro das empresas, identificar quais são os problemas pelo Rota 2030 nas suas diversas linhas para poder apoiar a inovação”, afirmou.
Nazareth destacou os projetos estruturantes. “A gente não está falando mais só de inovação no setor ou do carro do presente. Aqui a gente está falando de pensar o carro do futuro, quais são as tecnologias que serão desenvolvidas, os projetos estruturantes para o setor que vai criar o automóvel no futuro e toda a parte de mobilidade e logística do futuro”, afirmou.
Por Felipe Samuel
