Você confiaria em um gel injetável feito a partir de teia de aranha? Pois é justamente esta a proposta de uma invenção de pesquisadores do Karolinska Institutet (Suécia). Em novo estudo publicado na revista Nature Communications, a equipe descreve uma substância usada para liberar medicamentos e agilizar determinados processos químicos do corpo.
A ideia dos pesquisadores é desenvolver uma solução de proteína injetável que forme um gel dentro do corpo para que possa, por exemplo, ser fundido a enzimas, uma forma de proteína usada para metabolizar e acelerar vários processos químicos. A longo prazo, a estimativa é que esse gel injetável se torne muito útil na medicina regenerativa.
“Temos um longo caminho a percorrer, mas o fato de que a solução de proteína rapidamente forma um gel à temperatura do corpo e que a teia de aranha mostrou ser bem tolerada pelo corpo é promissor”, apontam os autores do estudo.
A capacidade das aranhas de gerar fibras incrivelmente fortes em frações de segundo despertou o interesse da comunidade científica. Os pesquisadores estão particularmente interessados na capacidade das aranhas de manter as proteínas solúveis para que não se aglomerem antes da fiação da teia.
Anteriormente, os cientistas envolvidos neste mesmo estudo chegaram a desenvolver um método para a produção de proteínas valiosas que imita o processo utilizado pela aranha usa para produzir e armazenar as proteínas presentes na teia.
Na ocasião, eles mostraram que uma parte específica da proteína da teia da aranha chamada N-terminal é produzida em grandes quantidades e pode manter outras proteínas solúveis, o que pode ser explorado para aplicações médicas. “Nós deixamos as bactérias produzirem essa parte da proteína ligada a proteínas funcionais, incluindo várias drogas e enzimas”, explicam os autores.
O novo estudo mostra que essa proteína da teia de aranha também tem a capacidade de mudar de forma e fazer a transição para pequenas fibrilas que fazem com que a solução de proteína seja convertida em um gel. Esse material pode ser fundido a proteínas funcionais que preservam sua função. Agora, os especialistas devem estudar as possibilidades acerca da utilização dessa substância na medicina.
Fonte: Nature Communications via Science Daily