Bancos de sangue costumam relatar baixos estoques de alguns tipos sanguíneos difíceis de serem encontrados, como O- e AB-. No entanto, estes tipos se tornam comuns — na verdade, muito comuns — perto do Rh Nulo, ou seja, o sangue de pessoas que não é nem positivo e nem negativo. De tão raro, ele ganhou o apelido de “Sangue Dourado”.
Em um levantamento feito em 2010, apenas 43 pessoas tinham sido diagnosticadas com o tipo sanguíneo mais raro do mundo, o Rh Nulo. Inclusive, alguns desses indivíduos são brasileiros. O consenso é de que este tipo sanguíneo seja transmitido entre famílias e, quando um caso é descoberto, outros tendem a aparecer na mesma família.
Na ciência, o primeiro registro do Sangue Dourado data o ano de 1961. Médicos e cientistas confirmaram a existência do Rh Nulo em uma mulher australiana, quando ele foi realizar um procedimento médico. Até então, acreditava-se ser impossível alguém viver com a condição.
Pessoas com o tipo sanguíneo mais raro enfrentam inúmeras dificuldades ao longo da vida, já que o número de possíveis doadores de sangue é realmente baixo. Segundo artigo da revista Pesquisa Fapesp, estes indivíduos costumam apresentar um tipo de anemia branda, mas crônica.
O que significa ter “Sangue Dourado”?
Para compreender o que significa ter Sangue Dourado, é preciso saber que o que diferencia os tipos de sangue conhecidos são os antígenos — moléculas que podem provocar a produção de anticorpos — presentes na superfície dos glóbulos vermelhos (hemácias). São conhecidos 342 antígenos associados ao sangue e, a partir deles ou de sua ausência, se define se alguém é AB+ ou A-, por exemplo.
No caso do Rh Nulo, entra em jogo a classificação do Fator Rh. Neste caso, são considerados cerca de 61 antígenos para definir se alguém é do tipo positivo ou negativo. Entre eles, o mais conhecido é o RhD, que está associado com o grupo positivo. Enquanto isso, as pessoas Rh negativo não apresentam esta proteína específica, mas as hemácias são consideradas normais.
Agora, no caso do Rh Nulo, é possível identificar a ausência do antígeno RhD, mas também não estão presentes nas hemácias os outros antígenos do sistema Rh. São estas ausências que tornam esses indivíduos tão raros e também fazem com que tenham, de modo geral, glóbulos vermelhos mais frágeis.
Doação de sangue do Rh Nulo
Por causa de questões de compatibilidade, pessoas com o tipo sanguíneo Rh Nulo só podem receber doações de sangue iguais aos seus, o que torna praticamente impossível casos de transfusão. Diante desse tipo de limitação, pacientes que sabem da sua condição costumam guardar reservas do próprio sangue, em caso de uma emergência médica.
Do outro lado, este tipo sanguíneo pode ser considerado o verdadeiro sangue universal, já que pode ser recebido por qualquer outra pessoa por sua ausência de antígenos, quando se considera o Fator Rh. No entanto, é preciso que haja também compatibilidade com o Sistema ABO para que a doação seja segura.
Fonte: Pesquisa Fapesp, Pró-Sangue e Mosaic Science