Há algum tempo, Catia Horsts reparou que alguns clientes tinham uma demanda específica em sua empresa de RH – que é uma referência no Espírito Santo, diga-se de passagem. Com isso, pensou: “Por que não criar uma spin-off da empresa só com isso?”. E assim nasceu a UseRH, que “nada mais é do que entregar uma experiência de serviço com uma apresentação diferente ao cliente”, como ela mesma define à Coluna Pedro Permuy.

“Inovar é fazer diferente. Mais que isso, é encontrar solução para problemas Caminhos diferentes para problemas que até já têm solução. E aí você inova. Não é só, a rigor, tecnologia. Hoje não tem como empreender sem olhar esse aspecto”, diz ela, durante o bate-papo que aconteceu com a empresária de férias em Paris, na França.

“O UseRH, uma spin-off da empresa (Rhopen), é uma entrega que eu já fazia, só que de forma diferente, com tudo dentro da mesma proposta. Agora, não adianta inovar no negócio e não inovar na relação”, destaca.

Só que a capixaba tanto soube fazer as duas coisas que hoje, se sua empresa ficar um ano sem faturar, ela não demite ninguém e ainda consegue fechar a conta no positivo.

“Ter o controle de fluxo de caixa foi algo de que eu e minha sócia, Jaciara Pinheiro, nunca abrimos mão. A gente só distribuiu os lucros quando nos comprometemos com esse aspecto, que, para mim, é um dos mais importantes. É uma dica que sempre dou para quem está começando, por exemplo”, exemplifica.

Só que essa determinação e senso de liderança que a toda-poderosa do RH do Espírito Santo tem hoje não caiu do céu. Ela trabalhou mais de 10 anos vendendo soluções para o nicho antes de, em 2011, abrir sua empresa com uma sócia. “Aos 37 eu decidi que ia empreender e, sempre apaixonada pelo mundo do RH, apostei as fichas nele com minha sócia. Trouxemos uma proposta diferente e, da mesma forma, hoje pensamos nessas formas de inovar dentro do nosso negócio”, destaca.

Além de CEO da Rhopen e, agora, da nova UseRH, Catia é uma das juradas do Espírito Startups, o primeiro reality de negócios do Espírito Santo que vai ao ar aos sábados na TV Vitória/Record TV às 14h, após o Balanço Geral. A empresária é a quinta de alguns dos jurados que serão perfilados por este colunista, que não é bobo nem nada.

O primeiro foi Rogério Salume, da Wine; depois, foi a vez de Francisco Carvalho, da Timenow; o terceiro foi Rodrigo Miranda, da Americanas Delivery; e, em seguida, Antonio Toledo, também da Timenow.

A empresária é uma das juradas do programa apresentado por Ricardo Frizera 

Diferente dos demais entrevistados desse especial do Folha Vitória, Catia é a primeira mulher que abre o jogo sobre os negócios. Apesar da fama que conquistou hoje, empreender femininamente não foi nada fácil – como não enxerga que é, até hoje.

“Tivemos alguns grandes desafios, sim. O fato de ser mulher e liderar nem sempre é um dificultador, mas nunca é um facilitador. Acho que depende muito. Mas como mulher sempre precisei provar mais, principalmente por onde passei profissionalmente. Você precisa entregar mais que o homem na mesma condição para ter o mesmo reconhecimento. E por muitos momentos me masculinizei para sobreviver nessas relações. Uma mulher, para empreender, tem sim desafios maiores. Mas o cenário é cada vez mais promissor para o empreendedorismo feminino”, compara.

Além desse obstáculo, desde que fundou sua empresa, Catia também teve outros desafios (estes, agora, financeiros). Pouco depois que abriu, em 2015, enfrentou a crise econômica mundial. Em seguida, driblou questões internas de mercado capixaba que teve que passar por movimentações entre gigantes da mineração. “A todo momento que ficava difícil, eu e minha sócia olhávamos para o quadro e avaliávamos se a gente precisava redefinir as rotas”, lembra.

Por outro lado, depois da tempestade veio a bonança. Em plena pandemia de Covid-19, Catia e Jaciara passaram os meses de amargura sem demitir ninguém. E sem precisar fazê-lo para manter a empresa aberta. “Muito pelo contrário, acho que inovamos mais em todo o nosso processo. E, hoje, podemos ficar um ano sem faturar que não vamos quebrar”, reitera.https://95d237d53c93bb2a07866d3aff6b8632.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

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Hoje, as oportunidades são maiores, como a própria expert avalia.

“Têm oportunidades para todos, sim. Mas há um caminho árduo para a gente trilhar, principalmente nós, mulheres. Minha família tem muita participação nesse sucesso, meus pais foram minhas bases e nossa família é toda empreendedora. Poucos tiveram acesso a uma faculdade, é aquele empreendedorismo de sobrevivência. Mas que ensinou, na prática”, recorda.

“Ter mais mulheres empreendendo, como temos, é ótimo. Agora, nós precisamos consumir esses e desses negócios” – Catia Horsts, CEO da Rhopen

Um dos papéis sociais que o reality da emissora da Rede Vitória cumpre, como ela mesma aponta, é justamente esse, de desenvolver um ecossistema produtivo e inspirar outras mulheres a protagonizarem na cena das startups.

“Quando me enxergam como jurada, de uma empresa de mulheres, é uma motivação. E mostrar que há empresas pequenas que estão movimentando, concorrendo a R$ 500 mil, é outro fator importante. Desde o primeiro episódio, o Espírito Startups mostra para as pessoas como é na prática, como é fazer um pitch, como é possível empreender… Você ouve as dicas dos jurados, dos que empreendem, tudo. A pessoa se motiva pelo programa, fora toda a representatividade que isso tem”, finaliza. 

Por Pedro Permuy

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