domingo,24 novembro, 2024

Aeroportos adotam soluções de smart cities

Os aeroportos geram receita e desenvolvimento como qualquer outro negócio. Ou cidade. Esses espaços que interligam nações são reconhecidos por atender confortavelmente milhares de pessoas todos os dias. Por que não aproveitar esses espaços e estimular o desenvolvimento de forma inovadora e sustentável?

Essa visão, segundo publicações recentes, vem aproximando os aeroportos do conceito de smart cities, pela similaridade na oferta de serviços e soluções. Há até quem defina o chamado “urbanismo aeroportuário”, abordagem que aplica esses conceitos no impacto gerado nas cidades próximas aos aeroportos, vistos como um destino importante e motor econômico de uma região metropolitana.

Como os aeroportos estão aplicando essas inovações pelo mundo? Nos Estados Unidos, o Aeroporto Internacional de San Diego lançou programas para reduzir o efeito estufa, balanceando as emissões de carbono e compactando os restos de comida destinados a aterros sanitários. Uma das iniciativas se concentrou nos transportes que chegam e saem do aeroporto: novas parcerias e ações de marketing foram desenvolvidas para incentivar a mobilidade de caronas – o que gerou uma redução de 30% nas emissões.

E como os espaços inteligentes podem ajudar? Em conjunto com sensores de internet das coisas (IoT) e inteligência artificial (AI), é possível uma gestão de dados sobre o número de passageiros das chegadas e partidas, planejando melhor os serviços de mobilidade. Isso impacta até a pavimentação e acessibilidade dos terminais, ao identificar o fluxo e os tipos de veículo — táxis, carros de aplicativo, caronas ou veículos privados – facilitando esse planejamento. E melhorando a experiência dos viajantes naqueles espaços.

Já o Aeroporto de Munique, na Alemanha, em parceria com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), desenvolveu o “Senseable City Lab” a partir do conceito de cidade inteligente. O objetivo é construir um ambiente de trabalho colaborativo para que as empresas e organizações criem produtos e serviços de smart cities, testando-as nas instalações e infraestrutura dos terminais do aeroporto – em uma espécie de sandbox.

Aeroporto de Munique já se destaca pelo uso inteligente da tecnologia (Imagem: Catrina Carrigan/Unsplash)

Por outro lado, vale lembrar que a tecnologia de reconhecimento facial em vídeo, que a maioria dos aeroportos tem implantado atualmente, deve seguir os protocolos de segurança e proteção de dados de acordo com a legislação de cada país. Assim como a coleta, o armazenamento e a interpretação desse volume de dados diários.

É impossível mencionar o uso de qualquer tipo de captação inteligente de vídeo sem considerar as preocupações com a privacidade. As soluções de hoje têm a capacidade de anonimizar automaticamente as informações coletadas por meio de mascaramento de privacidade, transparência e 3D. Essas garantias fazem com que as informações pessoais permaneçam privadas.

Lounges inteligentes

Os lounges das companhias aéreas e as salas de espera em terminais fazem parte da experiência geral dos passageiros e visitantes de aeroportos. Entre as vantagens do uso da IoT e da AI pelos lounges e saguões estão:

  • Horários de pico: quais horas do dia reúnem o maior tráfego, e em quais dias da semana? Esses dados ajudam a prever o tamanho das equipes e o estoque de suprimentos.
  • Áreas mais frequentadas: onde as pessoas passam mais tempo dentro dos terminais? São dados que podem ser usados ​​para o planejamento dos lounges das companhias.
  • Bagagem de mão: quanta bagagem está fluindo através do saguão? Esse rastreamento ajuda a fazer previsões para possíveis remanejamentos de pessoal.

Em julho de 2021, o Aeroporto de Florianópolis (SC) inaugurou o Laboratório de Inovação Zurich Airport Brasil. O espaço é dedicado à criação de experimentos, aberto a parceiros públicos e privados, localizado no open office da Floripa Airport. É o primeiro do tipo nos aeroportos brasileiros.

As aplicações das soluções de smart cities em aeroportos são vastas e promissoras. Fica o alerta para investimentos e pesquisas nesses espaços, verdadeiros nichos que agregam pessoas e culturas de todo o mundo.

Por: Beto Marcelino 

Redação
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