O apoio de marcas e empresas à diversidade, em pautas como a luta contra o racismo, defesa do respeito às mulheres, contra a homofobia e transfobia, direito das pessoas com deficiência e apoio para inclusão de pessoas mais velhas no mercado de trabalho, se tornou um tema urgente. Prova disso, é que para 74% dos brasileiros o apoio deveria ser um papel das empresas.
E mais do que isso: 54% acreditam que elas devem se posicionar publicamente. Os dados são da pesquisa “A falta de inclusão e os riscos para organizações”, realizada pelo Instituto Locomotiva a pedido da iO Diversidade, que está chegando ao mercado este mês como um ecossistema focado em soluções para que empresas implementem, de fato, uma cultura de diversidade, equidade e inclusão social.
A pesquisa revela que o público que se identifica como LGBTQIA+, pessoas mais jovens – que compõe 1/5 da população brasileira – ou se enquadram como trabalhadores formais, está mais engajado com a percepção de que as empresas têm como papel apoiar pautas de diversidade.
A população da classe C, composta por 105 milhões de pessoas, considera importante o apoio e acredita as empresas devem continuar se posicionando sobre o tema. Mesmo entre um público que tende a ser mais conservador, a maioria espera que empresas apoiem as pautas ligadas à diversidade.
“Diversidade e inclusão evoluíram muito rápido, indo do discurso social para a prática real, metrificável. Não à toa, os dados da pesquisa mostram que oito em cada dez pessoas acreditam que as empresas se apropriam do combate ao preconceito para fazer propaganda, mas não implementam ações concretas para mudança. O desafio que estamos abraçando com a iO Diversidade é esse. Tem que ir para prática, ser real e gerar transformação”, explica Luiz Gustavo Lo-Buono, CEO da iO Diversidade.
Os dados ainda mostram que marcas que se posicionam a favor do direito das pessoas com deficiência, por exemplo, têm 85% de apoio, podendo ser revertido em consumo, contra 2% em que a chance de compra diminui por não enxergarem o posicionamento como positivo.
Quando se fala na luta contra o racismo, 81% apoiam, contra 3% que podem deixar de consumir o produto ofertado. Para a inclusão dos mais velhos no mercado de trabalho, 82% apoiam, contra 3%. Quanto aos direitos das mulheres 80% apoiam, contra 4%; e na luta contra a homofobia 66% apoiam, contra 6%.
Quando se trata de um posicionamento público em relação a casos concretos, a maioria acha que se posicionar publicamente a favor da diversidade aumentaria a chances de comprar de uma marca ou empresa. Mesmo em situações que podem ser mais polêmicas, considerando casos que já ocorreram no mercado, como propagandas ou campanhas com modelos homossexuais ou transsexuais, a aprovação ainda vem da maioria. Neste caso, 55% enxergam o apoio como uma chance maior de compra, e 12% acham que diminui a chance de consumo.
Já se um cliente for hostilizado por fazer parte de um dos grupos de diversidade por parte de outros clientes e a marca/empresa fizer um pronunciamento público repudiando a situação, 58% dos brasileiros iriam apoiar, contra 18% que poderiam deixar de consumir a marca.
Caso a hostilização fosse causada por parte de um funcionário, 56% acham que o apoio aumenta a chance de compra, contra 17%. Em caso de campanhas com modelos portadores de deficiência (PCDs), 65% enxergam como um ponto positivo, contra 5%. E em caso de campanhas com modelos negros, 70% acham que o apoio estimula a chance de consumo, contra 3%.
“O respeito à diversidade é hoje um imperativo que, se desrespeitado, pode custar muito caro e os dados da pesquisam comprovam. A iO Diversidade é uma iniciativa que reúne profissionais de referência em diversos setores do país, seja em igualdade racial, neurociência e a realidade das favelas para transformar a cultura de empresas”, afirma Renato Meirelles um dos fundadores da iO Diversidade e presidente do Instituto Locomotiva.
Segundo ele, hoje, as redes sociais acabam funcionando como um catalisador do ódio. “Um número menor de pessoas fazem um barulho muito maior do que representam efetivamente na sociedade. Vemos isso nas urnas eletrônicas, por exemplo, onde apenas ¼ era contrário as urnas, mas eram responsáveis por quase 60% das postagens. Esse fenômeno mobilizador que vem através do ódio muitas vezes acaba constrangendo as empresas a dialogar com a maioria dos consumidores que cobram cada vez mais dessas organizações uma postura ativa no combate ao preconceito”.
Por: Marina Filippe