Com o lançamento do Siemens Xcelerator, anunciado globalmente nesta quarta-feira (29), a Siemens tem um objetivo claro: manter a competitividade que a tornou relevante para o mundo da indústria e da tecnologia em quase dois séculos de história. A aposta é uma plataforma de inovação colaborativa que reúne soluções de diferentes companhias, sempre focadas em acelerar a transformação digital.
Participam da iniciativa 50 empresas, entre startups e organizações de peso como Accenture, Microsoft, AWS, SAP e Deloitte. Um marketplace com soluções digitais (de hardware à Internet das coisas) reúne soluções de digitalização disponíveis para empresas de diferentes estágios e tamanhos.
Segundo a Siemens, o objetivo é que também seja possível, a partir da inovação entre os parceiros, chegar a novas tecnologias e modelos de negócios, a partir da demanda de clientes. “Nós acreditamos, em primeiro lugar, que a tecnologia pode ajudar a solucionar os principais desafios do nosso tempo. Em segundo lugar, sabemos que isso só será possível se agirmos de forma conjunta”, afirma Peter Koerte, diretor global de Estratégia e Tecnologia da Siemens.
De acordo com o executivo, a empresa pretende ampliar gradualmente o número atual de parceiros e de soluções ofertadas. Inicialmente, o Siemens Xcelerator vai se voltar para tecnologias que trabalhem com redes de energia, indústrias de manufatura, prédios eficientes e mobilidade.
Abertura digital
O lançamento da Siemens Xcelerator faz parte de uma estratégia da empresa para impulsionar o crescimento de seus negócios digitais e aumentar a participação deles na receita da comapanhia – a uma taxa de crescimento anual de 10%. Em 2021, a receita desse segmento, para a Siemenes, foi de 5,6 bilhões de euros.
A relação da alemã com os parceiros, de acordo com Peter Koerte, vai acontecer em duas vias: buscando no mercado soluções de digitalização e avaliando propostas de parceiros que queiram integrar-se à iniciativa, por meio de um trabalho de curadoria. “Nós temos consciência de que, sozinhos, não conseguiremos responder a todos os problemas atuais. É por isso que estamos ampliando nossas parcerias.”
Todas as ofertas de soluções, segundo a companhia, deverão seguir os princípios de interoperabilidade, flexibilidade, abertura e oferta as-a-service, ou seja, com os clientes pagando apenas pelos serviços que contratarem.
A ideia é que o Xcelerator traga subsídios para empresas que buscam ferramentas de tecnologia para melhorar desempenho, produtividade e sustentabilidade. Apesar de já trabalhar com parcerias externas, essa é a primeira vez que a Siemens amplia o leque de colaboração para uma iniciativa dessa magnitude.
Em comunicado, Roland Busch, presidente e CEO global da Siemens, explicou que o programa deve tornar “mais fácil a para as empresas navegarem pela transformação digital”. Ao mesmo tempo, de acordo com Busch, “a colaboração atingirá um novo nível, com um crescente ecossistema de parceiros”.
Metaverso industrial
Entre as novidades que surgem a partir do Siemens Xcelerator, estão uma parceria inédita com a NVIDIA e a criação de um ramo de soluções para prédios e ferramentas de IA na indústria.
Com a NVIDIA, a proposta é criar um metaverso industrial, no qual as companhias possam criar seus gêmeos digitais, orientados por inteligência artificial. Para isso, a plataforma de negócios digitais da Siemens será conectada com o NVIDIA Omniverse, ferramenta de projetos 3D.
“A parceria vai permitir a viabilizar o metaverso industrial com modelos digitais de base física da Siemens e simulações em tempo real habilitadas por IA da NVIDIA”, explicou a empresa, em comunicado. “Nossa estratégia é primar pela qualidade, não pela quantidade. Estamos procurando soluções que são realmente importantes”, diz Koerte.
Um dos focos prioritários da Siemens dentro do Xcelerator são as soluções voltadas para prédios eficientes, com o programa Building X. Trata-se de um software aberto, segundo a companhia, baseado em nuvem e com aplicativos habilitados por inteligência artificial. Com eles, as empresas poderão operar o gerenciamento de energia dos prédios de forma mais conectada.
Para a indústria, a plataforma aberta da Siemens vai trazer o Industrial Operations x, que integra soluções de sensores, Edge Computing e nuvem. Segundo a empresa, esse braço vai permitir a fusão de dados do mundo real da automação com o mundo digital da tecnologia da informação.
Por JULIANA CAUSIN*, DE TORONTO