Hoje, em 20/06/2022, será instalado o Fórum Permanente de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, durante a 296ª reunião do CODAM. Tem sido um desafio este encontro com a sustentabilidade, pois ela pressupõe um tripé econômico, social e ambiental. Na história do Amazonas, de maneira geral, este tripé não é procurado ou empregado. As ações vêm sendo realizadas em uma vertente por vez, sem considerar o desafiante aspecto sistêmico.
No painel do Polo Industrial de Manaus (PIM), grupo de empresas que têm realizado em certa medida esta tarefa, farei uma apresentação sobre logística. Dentre os elementos condicionantes para o desenvolvimento de novas atividades econômicas, este fator talvez seja a maior restrição ao crescimento substancial da economia amazonense no futuro, em especial quando é considerado o interior do Amazonas, que tem sido deixado apenas com o que a natureza oferta, com baixíssima acessibilidade.
Realizar transporte com sustentabilidade na região demandará portos e hidrovias competitivas, com integrações fáceis entre Manaus e o interior do Amazonas, pois hoje as conexões estão em um estágio muito primitivo, sem fazer uso de modernas tecnologias portuárias ou com operações cautelosas em relação ao frágil bioma da região.
Encontrar um caminho para a realização de investimentos sustentáveis é o nosso maior desafio como sociedade. De maneira geral, entidades estrangeiras buscam a exploração de nossos recursos ou a proteção para não usarmos as potencialidades, evitando um concorrente no futuro. Ninguém virá nos salvar ou cuidar da nossa sociedade. Precisaremos encontrar, por nós mesmos, a construção de futuro mais adequada ao nosso ecossistema.
No evento, também acontecerá um painel sobre Bioeconomia e inovação. Nele, senti falta de mais atores locais. Este painel aponta para o futuro do Amazonas e é como se o futuro estivesse sendo programado por entidades estrangeiras, com pouca concepção local. Quando isso acontece fico chocado, pois há diversas instituições locais que poderiam tomar este assento ou incontáveis especialistas em potencialidades regionais. Entretanto, por algum motivo isso não aconteceu. Será importante corrigir este aspecto nos próximos encontros.
Fora da sustentabilidade não há futuro próspero para o Amazonas. Teremos que ter cuidado apenas para não pintar de verde mais destruição, mais desrespeito ou projetos que ignoram as potencialidades locais. Este é, sem dúvida, o desafio de uma geração, que deveria ser tratado como um mantra ou uma guerra, mas, de fato o que tem acontecido é um ignorar constante.
Tomara que este Fórum marque o início da mudança.
Texto: Augusto Barreto Rocha