domingo,24 novembro, 2024

Telescópio Hubble detecta ‘fantasma’ estelar vagando pela Via Láctea

Pela primeira vez, o Telescópio Espacial Hubble detectou um objeto solitário à deriva em nossa galáxia Via Láctea — os restos invisíveis e fantasmagóricos de uma estrela outrora radiante.

Quando estrelas massivas o suficiente para diminuir nosso Sol morrem, elas explodem em uma supernova e o núcleo restante é esmagado por sua própria gravidade, formando um buraco negro.

Às vezes, a explosão pode colocar o buraco negro em movimento, arremessando-se pela galáxia como um pinball. Por direito, deve haver muitos buracos negros itinerantes conhecidos pelos cientistas, mas eles são praticamente invisíveis no espaço e, portanto, muito difíceis de descobrir.

Astrônomos acreditam que 100 milhões de buracos negros flutuantes vagam pela nossa galáxia. Agora, os pesquisadores acreditam ter detectado um objeto. A detecção foi feita depois de dedicar seis anos a observações — e os cientistas foram capazes de fazer uma medição precisa da massa do objeto cósmico extremo.

O buraco negro está a 5.000 anos-luz de distância, localizado em um braço espiral da Via Láctea chamado Carina-Sagitário. Essa observação permitiu que a equipe de pesquisa estimasse que o buraco negro isolado mais próximo em relação à Terra poderia estar a apenas 80 anos-luz de distância.

Mas se os buracos negros são essencialmente indistinguíveis do vazio do espaço, como o Hubble detectou este?

O campo gravitacional extremamente forte dos buracos negros distorce o espaço ao seu redor, criando condições que podem desviar e amplificar a luz das estrelas que se alinha atrás deles. Esse fenômeno é conhecido como lente gravitacional. Telescópios terrestres observam os milhões de estrelas que pontilham o centro da Via Láctea e procuram esse brilho efêmero, significando que um grande objeto passou entre nós e a estrela.

Hubble está perfeitamente preparado para acompanhar essas observações. Duas equipes diferentes de pesquisadores estudaram os dados para determinar a massa do objeto. Ambos os estudos foram aceitos para publicação no The Astrophysical Journal.

Uma equipe, liderada pelo astrônomo Kailash Sahu, cientista do instrumento Hubble do Space Telescope Science Institute em Baltimore, determinou que o buraco negro pesava sete vezes a massa do nosso Sol.

A segunda equipe, liderada pela estudante de doutorado Casey Lam e Jessica Lu, professora associada de astronomia, ambas da Universidade da Califórnia, em Berkeley, chegaram a uma faixa de massa menor, entre 1,6 e 4,4 vezes a do Sol. De acordo com essa estimativa, o objeto pode ser um buraco negro ou uma estrela de nêutrons. As estrelas de nêutrons são os remanescentes incrivelmente densos de estrelas explodidas.

“Seja o que for, o objeto é o primeiro remanescente estelar escuro descoberto vagando pela galáxia, desacompanhado de outra estrela”, disse Lam em um comunicado.

O buraco negro passou na frente de uma estrela de fundo localizada a 19 mil anos-luz da Terra em direção ao centro da galáxia, amplificando sua luz estelar por 270 dias. Os astrônomos tiveram dificuldade em determinar sua medição porque há outra estrela brilhante muito próxima daquela que eles observaram brilhando atrás do buraco negro.

O céu cheio de estrelas mostrado nesta imagem do Hubble está na direção do centro da galáxia. / NASA, ESA, K. Sahu (STScI), J. D

“É como tentar medir o pequeno movimento de um vaga-lume ao lado de uma lâmpada brilhante”, disse Sahu em comunicado. “Tivemos que subtrair meticulosamente a luz da estrela brilhante próxima para medir com precisão a deflexão da fonte fraca.”

A equipe de Sahu acha que o objeto pode estar viajando tão rápido quanto 160 mil quilômetros por hora, o que é mais rápido do que a maioria das estrelas naquela parte da galáxia, enquanto a equipe de Lu e Lam chegou a uma estimativa de 108 mil quilômetros por hora.

Mais dados e observações do Hubble e análises posteriores podem resolver a discussão sobre a identidade do objeto. Os astrônomos continuam a busca de agulha no palheiro por mais dessas esquisitices invisíveis, o que poderia ajudá-los a entender melhor como as estrelas evoluem e morrem.

“Com a microlente, podemos sondar esses objetos solitários e compactos e pesá-los. Acho que abrimos uma nova janela para esses objetos escuros, que não podem ser vistos de outra maneira”, disse Lu.

Fonte: cnnbrasil.com.br

Redação
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