Inflação: o que se conseguia comprar com R$ 100 há 10 anos?

Entenda como o poder de compra do brasileiro mudou desde 2012

0
483

Quem entrasse com R$ 100 no bolso em um açougue em 2012 conseguia sair com 6,6 quilos de carne bovina na sacola. Dez anos depois, o mesmo valor compra apenas 2,3 quilos, uma quantidade quase três vezes menor. Esse aumento de preço têm um nome que muitos brasileiros conhecem e ainda temem: inflação.

“A inflação é mais do que um índice geral de preços, é também um índice de degradação do salário”, explica Itamir Caciatori Junior, doutor em Administração e professor de Finanças da Business School da Universidade Positivo (UP).

Até a criação do Plano Real, em 1994, o Brasil convivia com um cenário de descontrole, com índice inflacionário mensal de 40% ao mês. O aumento de preço constante foi apelidado de “dragão da inflação”. A nova moeda surgiu para colocar a alta de preço dentro de níveis aceitáveis.

Inflação versus poder de compra

Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de abril de 2012 a março de 2022 foi de 83,31%, enquanto o salário mínimo saiu de R$ 622 para R$ 1.212, uma variação de 94,85%.

Analisando apenas esses números, pode parecer que a situação melhorou para os consumidores no período; no entanto, a inflação é sentida de forma diferente pelo trabalhador, segundo o professor: “Os reajustes salariais são, via de regra, anuais, enquanto os preços dos bens sobem em uma frequência maior”. Dessa forma, a renda sobe depois que o aumento de preço já ocorreu.

Além disso, a renda do trabalhador medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que também considera o mercado informal responsável por 40% da população ocupada, encontra-se no menor patamar desde 2012. O rendimento médio real do brasileiro foi de R$ 2.447 em 2021, frente aos R$ 2.516 de dez anos atrás.

Aumento de preço em 10 anos

Os principais produtos que impactam o aumento da inflação são gasolina, botijão de gás e energia elétrica, que geram efeito cascata em toda a cadeia produtiva da economia.

Em 2012, o litro da gasolina custava R$ 2,74 e o botijão de gás de 13 quilos, R$ 41,38. Hoje, esses produtos custam R$ 7,53 e R$ 113,63, respectivamente, em média. Isso significa que houve aumento de preço de quase três vezes em 10 anos.

Uma lista de compras no supermercado pode ilustrar como a inflação atingiu diretamente o bolso dos consumidores nos últimos dez anos. A tabela a seguir mostra o que era possível comprar em 2012 e 2022 com R$ 100, somando todos os produtos e desconsiderando a correção inflacionária.

Item20122022
Carne bovina1 kg300 g
Frango3 kg2 kg
Leite6 litros2 litros
Feijão2 kg1 kg
Arroz5 kg2 kg
Farinha5 kg2 kg
Batata1,5 kg1 kg
Tomate1 kg400 g
Pão francês1 kg500 g
Café1 kg500 g
Açúcar1 kg240 g

Alguns itens têm grande variação sazonal, como a batata e o tomate; no entanto, a maioria dos bens relacionados tiveram aumentos de preços e dificilmente ficarão mais baixos, considera Caciatori Junior. Itens como óleo e carne bovina, que são de consumo cotidiano, sofreram aumentos acima do salário mínimo e da inflação do período.

Item20122022 Variação
Batata (kg)R$ 1,51R$ 7,18374,02%
Óleo (900 ml)R$ 3,13R$ 9,62207,39%
Carne bovina (kg)R$ 15,05R$ 43,68190,35%
Leite (litro)R$ 1,76R$ 4,32145,97%
Açúcar (kg)R$ 1,70R$ 4,18145,81%
Frango (kg)R$ 4,68R$ 10,55125,25%
Arroz (kg)R$ 2R$ 4,27113,66%
Farinha (kg)R$ 2R$ 4,20110,16%
Feijão (kg)R$ 4,54R$ 8,4686,32%
Pão francês (kg)R$ 8,75R$ 16,2585,87%
Tomate (kg)R$ 5,49R$ 9,2067,58%
Café (kg)R$ 13,54R$ 17,6330,18%

O dragão da inflação vai retornar?

Nos últimos meses, o IPCA tem apresentado aceleração assustadora. Em março, por exemplo, a taxa avançou 1,62%, na maior variação para o mês desde a estabilização da economia brasileira, e teve alta de 11,3%acumulada nos últimos 12 meses.

Contudo, o dragão inflacionário não deve retornar — pelo menos não com a força de antes. “Em comparação com os anos 1980, há uma grande diferença na política monetária”, comenta Caciatori Junior. O Brasil trabalha com o regime de metas de inflação, um compromisso estabelecido pelo Banco Central para dar estabilidade à economia.

Por: E Investidor – Estadão

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui