Cercado pela presença artística desde criança, o jovem pesquisador e apaixonado por arte Willian Gama, prega sobre a importância dela na vida das pessoas. Em parceria com a sua irmã Amanda Gama, Willian inaugurou no ano de 2014 uma galeria chamada Mirante das Artes.
Aos 12 anos, Willian adquiriu sua primeira obra, uma pintura do artista João Sebastião. Hoje, ele e sua irmã possuem uma enorme coleção. No último levantamento feito por eles, somente em sua casa havia cerca de 232 obras dentre pinturas e esculturas.
O jovem relata que cresceu em uma casa onde havia muita música e dança, portanto, seu forte interesse pela arte se deu ainda na infância. Willian reforça sobre o quanto a presença da arte é fundamental no cotidiano das pessoas e que gostaria que todos pudessem ter acesso a esse universo.
“Comecei então a conhecer os artistas de Mato Grosso. Artistas que residiam aqui e eu não tinha conhecimento, como muita gente até hoje não tem. É algo muito mais importante do que as pessoas imaginam, é uma pena que muitos ainda não tenham consciência disso por falta de acesso a todo esse material”, lamenta Willian.
O pesquisador aponta que existe uma baixa procura das escolas por exposições de arte. De acordo com ele, as instituições de ensino deveriam buscar por eventos assim para proporcionar o acesso para as crianças. O jovem explica que compreende o momento delicado que o país vivencia, mas explicita sobre o quanto a arte se faz necessária na vida de todos, especialmente das crianças.
“Nós passamos por uma experiência que foi traumática para muitos, que foi a pandemia. As pessoas ficaram a maior parte desse tempo dentro de casa, imagina o quão difícil seria passar por esse momento sem poder assistir um filme, ouvir uma música, ler um livro ou acompanhar as lives? A arte também é necessária, eu a vejo como algo primordial”, explica Gama.
O primeiro processo de curadoria da galeria foi realizado pela crítica de arte Aline Figueiredo, em seguida Willian assumiu a direção e o espaço curatorial do local.
Sobre o surgimento da galeria, o curador relata:
“O mirante surgiu há 10 anos como um escritório de arte, um espaço menor com obras na parede. De início, não possuíamos ainda um espaço expositivo, o local veio a se tornar uma galeria um pouco mais para frente.”, declara Willian.
Segundo ele, o nome escolhido é uma homenagem a uma antiga galeria dos anos 70 que se localizava em São Paulo e tinha o nome de Mirante das Artes. A antiga galeria, criada pelo diretor do Museu de Arte de São Paulo (Masp) Pietro Maria Bardi, se apresentava com um tom moderno e descolado.
“A galeria representou uma modernidade na época e nós viemos com essa mesma proposta de representação e ampliação de trabalho, de criação de público e de mercado para os artistas,” explica.
Conforme foi explicado por Gama a seleção dos artistas para o Mirante das Artes é feita por meio de avaliação de portfólio. A partir disso é feita uma análise sob a importância de suas obras para a cena brasileira. O artista plástico Humberto Espindola é um dos nomes citados pelo curador como exemplo de colaborações já desenvolvidas na galeria. Atualmente, os atendimentos feitos pelo Mirante são realizados somente a domicílio.
“Nós trabalhamos muito juntos. Nós procuramos esse trabalho único e singular. Muitas das pessoas que nos procuram vem por saber que o nosso trabalho segue essa linha. O nosso trabalho é muito profissional, então nós procuramos artistas que já tenham um trabalho desenvolvido”, afirma Gama.
Willian também ressalta sobre a não utilização da denominação “regional”. Segundo ele, esse termo limita a arte e os artistas, afinal, independente de quem a produz ou o que ela retrata, continua sendo arte.
“Um exemplo que eu sempre utilizo é: porque uma artista nova-iorquina representando o Central Park é arte universal e uma artista retratando uma paisagem em Cuiabá é regional? Não existe isso, Cuiabá está no mundo tanto quando Nova Iorque. As duas cidades estão no globo. São artistas que retratam a sua cultura, são artistas brasileiros, que moram em Cuiabá em sua maioria, mas são artistas do centro-oeste brasileiro”, finaliza Willian.
Ao longo dos últimos anos, o rapaz desenvolveu alguns trabalhos de pesquisa sobre arte e uma delas acabou por se tornar um livro. Juntamente com Carolina Marcório, o jovem publicou uma antologia crítica sobre as obras do artista Gervane de Paula chamada “Arte é para quem não tem medo”. Willian Gama finaliza dizendo que possui um acervo de pesquisas já realizadas e promete que esse é o primeiro livro de muitos.
Por: Victória Oliveira