O trecho acima foi retirado do livro “Gente que fez, gente que faz Cuiabá: inventário de famílias pioneiras cuiabanas” publicado pela jornalista e historiadora Neila Barreto com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Cuiabá. O livro levanta dados sobre as famílias de migrantes e imigrantes que ajudaram formar a capital. O levantamento de dados foi iniciado no segundo semestre de 2017, os primeiros resultados foram apresentados em abril de 2019, durante as comemorações dos 300 anos de Cuiabá e a inauguração do Parque da Família.
Neila afirma que são considerados migrantes os povos que vieram de Várzea Grande, Poconé, Coxipó, Diamantino, Rosário Oeste, Rio de Janeiro entre outros municípios do país. Dentre os imigrantes os sírios libaneses estão em grande número, mas também existe registro da vinda de portugueses, italianos e espanhóis. Segundo a historiadora, alguns profissionais italianos foram os responsáveis por parte da arquitetura da cidade, na parte do Centro Histórico de Cuiabá, onde estão localizados famosos os casarões.
Um dos casais apresentados na obra são Ricardo Emanuel Cereijo e Maria Teresa Carrión migraram da Espanha para o Brasil em 1962 em busca de novas oportunidades, em 1966 os dois chegam em Cuiabá e ajudam os filhos a fundarem a editora Entrelinhas, que permanece ativa na capital até hoje.
Prezando pela valorização da cultura cuiabana, o livro cita a lenda popular entre a população local de que aquele que provar a famosa cabeça de pacu permanece na cidade para sempre. O livro também apresenta diversas imagens das famílias pioneiras, imagens essas que foram cedidas pelos próprios familiares e restauradas pelo designer gráfico Calebe Borralho. Neila busca evidenciar a importância dos povos indígenas e afrodescendentes que já residiam no município muito antes da chegada dos imigrantes. A partir dos textos é possível sentir de forma clara a carga de pertencimento e regionalidade propostas pela autora. Temas como a hospitalidade dos cidadãos cuiabanos e a culinária típica também são abordados.
Em sua obra, Neila explicita como Cuiabá é uma cidade cheia de histórias, vivencias distintas e que possui uma cultura étnica muito rica. Em seu trecentésimo terceiro aniversário a capital tem muito o que celebrar, em especial, o seu povo.
Victória Oliveira.