Metaverso: O Que É, Como Funciona, Exemplos e Muito Mais

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A gente ouviu falar em metaverso e até sabe que o Facebook mudou o nome para Meta, mas o que é realmente essa nova plataforma que tanto falam? E mais do que isso: o que o futuro do metaverso nos reserva?

Para ajudar a responder essas e outras perguntas, o Olhar Digital preparou um guia completo sobre o metaverso. Veja a seguir!

O que é metaverso?

Metaverso é uma realidade virtual imersiva e interativa. De certa maneira, é uma evolução de jogos como ‘The Sims‘ e ‘Second Life‘ no sentido de que as pessoas precisam de um avatar para conviver neste ambiente virtual. Porém, agora, de forma hiper-realista.

Outra maneira de entender o metaverso é vê-lo como uma extensão virtual da nossa vida atual, como se fosse outra dimensão. Daí, o nome “metaverso” que significaria além do universo.

Podemos observar na prática que se trata de uma nova fase para a maneira de se conectar. Por isso, repare que há uma correlação entre melhorias no hardware e na infraestrutura: computador pessoal e internet fixa, celular e internet móvel, óculos de realidade virtual e 5G – que promete ser 20x mais rápida do que a conexão 4G.

Qual a origem do metaverso?

A ideia de metaverso apareceu pela primeira vez no romance ‘Snow Crash’, publicado por Neal Stephenson em 1992. No livro, o autor descreveu o metaverso como uma realidade virtual onde as pessoas conviviam através de avatares em 3D.

Na prática, a realidade virtual já foi experimentada com jogos interativos – como ‘EVE: Valkyrie’ e ‘Spider-Man: Homecoming’ – e com reuniões online – como a sala virtual Horizon Workrooms, da Meta.

Para participar desses ambientes, muitas vezes você precisa usar óculos virtuais. Atualmente, esses equipamentos evoluíram o suficiente para integrar o movimento da sua cabeça aos jogos. No entanto, você ainda precisa de controles externos para interagir com o metaverso.

No futuro, essas tecnologias serão totalmente imersivas e responsivas ao nossos movimentos, inclusive talvez até não tenhamos que vesti-las, como é o caso dos óculos atuais.

Como funciona o metaverso?

Neste ponto, vale a pena diferenciar como o metaverso é hoje e como ele pode vir a funcionar. Hoje, chamam de metaverso jogos como o ‘Fortnite’ ou ‘The Sandbox’. Neles, você vai ter um avatar, encontrar outros usuários, comprar ou vender ativos (como terrenos ou skins) e jogar com outras pessoas. Porém, cada jogo é um sistema e eles não se comunicam entre si. Ou seja, não é muito diferente de ‘Minecraft’, ‘Roblox’, ‘PUBG’ etc.

Do outro lado está o que o metaverso tem o potencial para ser: uma cidade. Você liga seus óculos de realidade virtual (ou qualquer outro equipamento que ainda vão inventar) e seu avatar aparece nesta cidade virtual. Lá, você pode consumir produtos e serviços totalmente virtuais ou que tenham entrega física. Não existe um dono do metaverso e o que você compra em uma loja você consegue usar em todos os ambientes dessa cidade.

Essa explicação é basicamente um resumo do metaverso descrito pelo diretor Steven Spielberg no filme ‘Jogador Nº 1’ (disponível no HBO Max). Para mim, o modelo proposto pelo filme é o mínimo para podermos falar de metaverso.

No ideal, seria integrar várias tecnologias que vemos separadas, como: assistente de voz, inteligência artificial, realidades virtual e aumentada, robótica e a Web 3.0.

Um dos exemplos de como um metaverso assim seria pode ser observado no ambiente hospitalar. Você poderia ser submetido a uma cirurgia com um especialista que está do outro lado do mundo usando robótica.

Antes de executar o procedimento, ele poderia explicar o problema e o passo a passo do que seria feito com realidade aumentada – tanto para o paciente, quanto para a equipe médica.

Nesse caso, seus óculos de realidade virtual proporcionariam diferentes experiências de acordo com o momento, como relaxamento no pré-operatório na maca, na anestesia e até durante a operação, com cancelamento de ruído, por exemplo. Outro exemplo é a possibilidade de ter entretenimento individualizado no pós-operatório.

Ao mesmo tempo, o equipamento e também sensores colocados no corpo forneceriam dados para a inteligência artificial. Esta, por sua vez, conseguiria auxiliar a equipe médica como um par de olhos super atentos.

O médico estrangeiro poderia falar o idioma dele, que seria automaticamente traduzido para a equipe e o paciente.

Tem uma preferência de farmácia? Seria necessário apenas informar durante o cadastro e assim que o médico receitasse os remédios, sua farmácia seria avisada e eles chegariam na sua casa.

Como usar o metaverso?

O metaverso é algo ainda bem centralizado no sentido de que até agora não existe um único espaço virtual para navegar dentro dele. Ou seja, o metaverso funciona ainda como seu celular: você quer um app de transporte, você tem que baixar um a um no seu aparelho.

Além disso, embora as linguagens C# e C++ sejam amplamente usadas pelos desenvolvedores do metaverso, também não existe um consenso da linguagem a ser utilizada. Com isso, pode haver uma dificuldade com relação aos equipamentos que vão ser compatíveis ou não com determinados metaversos.

Quais são as vantagens do metaverso?

A principal vantagem do metaverso é você conseguir fazer atividades imersivas remotamente. Ou seja, você não precisa mais ir até um supermercado físico, por exemplo, para ter uma experiência imersiva de compras. Você poderá colocar tudo no seu carrinho de uma maneira mais dinâmica do que é hoje em dia (mesmo com os apps de delivery) e ter o pedido entregue na sua casa pela loja.

Está com fome? Que tal ir até sua padaria favorita e escolher os produtos diretamente da vitrine?!

Viajou para longe da família? Você pode participar do jantar com seus filhos por meio de um avatar hiper-realista.

Apesar da distância, minha irmã e eu adoramos assistir a filmes juntas até hoje. Com o metaverso, seremos capazes de vivenciar essa experiência como se estivéssemos na mesma sala. Sinto um calafrio só de pensar em como isso seria incrível!

Exemplos da construção de um metaverso

A meu ver, o que nós temos hoje como exemplos de metaverso são modelos simplificados do que será este ambiente. Isso porque eles são focados muito no que já conhecemos como experiências de simulação virtual.

Por exemplo, a Nike quer criar roupas e tênis virtuais. Como isso é diferente de skins de jogos? O show da Ariana Grande no Fornite foi outro ponto alto para os defensores do metaverso. Mas como isso é diferente de um clipe com animação 3D?

Para mim, o metaverso vai ter que evoluir muito para ser realmente “meta”. Vamos ter que captar desde movimentos grandes aos pequenos gestos, além de ter de avançar para explorar os sentidos.

Daí, o metaverso não será um par de óculos de realidade virtual, mas um capacete ou um chip no estilo da Neuralink com sensores para que seu cérebro seja estimulado dando cenários de realidade. Então, você vai a uma loja virtual da Nike, sente o tecido na sua mão, porque informações de peso e textura, por exemplo, estão sendo passadas do metaverso para seu capacete e para seu cérebro. Assim, saímos da simulação e damos um passo na direção da emulação.

Quais são as principais plataformas de metaverso já em funcionamento?

Além de jogos que já exploram elementos do metaverso, existem plataformas que já estão bem mais avançadas no processo. É o caso da ‘Decentraland’ e ‘The Sandbox’. Conheça-as a seguir.

Decentraland (MANA)

‘Decentraland’ é um mundo virtual onde você consegue jogar, interagir com outros usuários e negociar mercadorias. Além de jogos e desafios, você consegue comprar propriedades e ativos.

A criptomoeda MANA serve não apenas para efetuar compras no ‘Decentraland’, mas também como token de governança para votações dentro da plataforma. Essas votações ocorrem para que os usuários decidam as políticas do ‘Decentraland’ e o mantenham como um ambiente descentralizado.

The Sandbox (SAND)

Outra proposta de metaverso é ‘The Sandbox’. Lá, os usuários conseguem jogar, construir e negociar ativos virtuais, além de investir na criptomoeda SAND e também tomar decisões coletivas sobre a plataforma.

Os investimentos são feitos por meio das “lands”, que são os terrenos que você pode comprar com Ethereum para construir experiências digitais: dioramas (o nome que se dá quando a maquete é uma representação exata, e não um modelo), jogos ou exibição de NFTs (tokens não-fungíveis).

O jogo foi criado para superar os existentes ‘Minecraft’ e ‘Roblox’ no sentido de dar aos criadores verdadeira posse de suas criações como NFT e recompensá-los pela participação deles no sistema.

Várias empresas já compraram um pedacinho de terra no ‘The Sandbox’, mas os jogos e experiências virtuais que estão lá fazem o ambiente parecer um jogo normal com repositório de NFT. Do jeito que está ali, ainda é um ensaio para o metaverso.

Como a pandemia contribuiu para a expansão do metaverso?

Antes da pandemia, um dia normal seria definido por ter que se deslocar para ir ao trabalho ou à escola. Durante a pandemia, experimentamos coletivamente a rotina de trabalho e ensino à distância. Porém, com isso, ficou evidente que precisamos de novas maneiras de conviver, que tragam realismo para as interações.

Metaverso no Brasil: quais são os principais desafios para atingir um grande público?

A gente tem uma série de desafios para popularizar o metaverso. Entre eles:

  • Alto preço dos equipamentos para promoverem a imersão;
  • Acesso à infraestrutura (como internet de velocidade ultrarrápida e baixa latência) e a serviços (que muitas vezes são cobrados em dólar);
  • Popularização de tecnologias de pagamento que não são bancos, como carteiras digitais e criptomoedas. Para captar o tamanho do desafio, basta pensar que até 2019 eram 45 milhões de desbancarizados no Brasil. Esse total diminuiu para 34 milhões em 2021, graças ao pagamento de auxílio emergencial e ao crescimento do e-commerce.

Ou seja, em um país com inseguranças relacionadas ao dinheiro fica difícil ainda imaginar o metaverso aqui. O mais provável que aconteça é um acesso desigual ao ambiente, o que deve aumentar a desigualdade social no país.

Quais são as principais críticas dos especialistas em relação a esse universo virtual?

Na visão de Richard Uchoa, CEO da LEO Learning, existem três questões que são amplamente debatidas: a privacidade; a liberdade de criação, interação e consumo de conhecimento; e os impactos ambientais.

Porém, ele destaca um quarto ponto que precisará ser trabalhado, que vou chamar de “o legado da pandemia do coronavírus”. Nesse tópico, entram o trabalho remoto, a mudança nos modelos de gestão, o modelo ultrapassado das universidades e a saúde mental.

“A tecnologia tem sido um facilitador para as pessoas aprenderem nesse novo momento, mas cuidar dos testes, aprender com as experimentações do metaverso e fazer com que os momentos de conexão das pessoas no mundo virtual seja produtivo e faça sentido é um terreno que ainda tem muito para se trabalhar”, explica Uchoa.

Outro ponto comentado pelos especialistas entrevistados pelo Olhar Digital diz respeito ao acesso ao metaverso. De acordo com Ohmar Tacla, CEO da VRGlass, existe a limitação imposta pelos hardwares, já que “alguns dos metaversos públicos mais populares exigem um computador com alta memória RAM e placa de vídeo dedicada, além de não funcionarem em celulares”. E, mesmo em empresas em que há o equipamento, existe a limitação do download dos programas, pois há o bloqueio pelo departamento de TI ou pelo firewall corporativo.

Já Fábio Costa, CEO da especializada Agência Casa Mais, chama atenção para o acesso limitado de um avatar pela existência de múltiplos ambientes virtuais que não se comunicam: “Acredito que o maior desafio do metaverso, além dos preços dos hardwares que não são acessíveis para a maioria da população mundial, no qual dificulta a entrada em massa para esse novo universo, é a “centralização” desse mundo virtual, para que eu possa utilizar o meu avatar com as skins que comprei em todo lugar que exista o metaverso”.

No quesito segurança, Júlio Cesar Fort, sócio e diretor de serviços profissionais da Blaze Information Security, pondera que por mais que haja protocolos criptográficos na blockchain, tecnologia utilizada no metaverso, ela em si nem sempre é o bastante.

“Quando pensamos no usuário, o phishing é um dos problemas mais antigos e conhecidos na Internet, e é usado por hackers como porta de entrada para invasões e roubos de dados desde os primórdios da computação. Phishing continua sendo um enorme problema para usuários da web3 – um problema antigo e conhecido, que a blockchain não soluciona – onde vários roubos de ativos digitais e NFTs ocorreram através de sites falsos que se ligavam à carteira MetaMask da vítima, que tem sua carteira digital de ativos esvaziada”, esclarece.

Além disso, Fort pontua outras lacunas deixadas pela blockchain: falhas de segurança no front e back-end dos serviços de metaverso, carteiras digitais e vulnerabilidades em smart contracts.

Já em privacidade, Tacla complementa que a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) impõe dificuldades para criar campanhas para colaboradores usando plataformas de metaverso públicas, pois elas exigem armazenamento de dados pessoais dos funcionários.

As principais dúvidas sobre o metaverso

Agora que você já sabe o básico do metaverso, que tal nos aprofundarmos com perguntas específicas? Separamos as principais dúvidas sobre o metaverso para serem respondidas.

Como comprar terreno no metaverso?

Existem duas respostas para essa pergunta. A primeira, indo direto ao ponto, é assim: você escolhe um ambiente como o ‘Decentraland’ ou ‘The Sandbox’ e compra um terreno lá usando sua carteira digital.

O que nos leva à segunda resposta. Na teoria, o metaverso é descentralizado. Ou seja, não existe um dono dele, assim como não existe um dono da web. Mas, na prática, o que vemos é que você ainda tem que acessar um game para ter acesso a experiências virtuais. Não adianta você criar um metaverso sem um local para hospedá-lo.

Neste sentido, o metaverso é diferente de um site. Ainda que existam alguns poucos navegadores, você consegue acessar qualquer site a partir deles, você não precisa de um navegador específico para acessar uma rede social e outro para acessar um jogo online. Agora, se você cria uma experiência no ‘Decentraland’, ela não será acessada no ‘The Sandbox’.

Qual o valor de um terreno?

Com a cotação de 17 de março de 2022, o terreno mais barato no ‘Decentraland’ custa R$ 58.991,93 (4,175 Ether) e no ‘The Sandbox’, R$ 39.802,24 (2,8169 Ether). Além dessas duas plataformas, você pode encontrar terras no ‘Cryptovoxels’ e ‘Somnium Space’.

Quais foram as maiores vendas de terreno feitas no metaverso?

A maior venda feita no ‘The Sandbox’ foi para a Republic Realm, que gastou US$ 4,3 milhões em terrenos virtuais e a Tokens.com, que comprou US$ 2,4 milhões no ‘Decentraland’.

Dá para ganhar dinheiro com a compra e venda de terreno no metaverso?

Sim, dá. É um tipo de investimento especulativo e a longo prazo. Você compra hoje com a ideia de que o terreno vai valorizar e você vende por um valor maior no futuro.

Eu usei o termo especulativo não apenas porque você tem que acreditar que o metaverso vai vingar, mas também porque muitos terrenos grandes estão disponíveis em locais que ainda não tiveram muitas vendas para empresas. Isto é, você não sabe quem vai ser seu vizinho.

Metaverso e criptomoeda: como se relacionam?

Como eu disse em outros momentos, as principais plataformas do metaverso são descentralizadas. Com isso, você precisa de uma moeda universal que sirva ao propósito de comprar e vender nesses ambientes. E a criptomoeda traz essa possibilidade, além de trazer mais segurança para as transações pelo método que ela funciona. Se você tem dúvidas, leia este nosso outro artigo sobre o que são criptomoedas.

Qual a relação entre metaverso e blockchain?

Como a ideia do metaverso é ser um ambiente realmente descentralizado, você vai precisar realizar transações financeiras e de ativos digitais de forma segura. Atualmente, a melhor forma de fazer isso é usando a tecnologia blockchain.

Veja nosso guia para entender o que é e como funciona o blockchain.

Metaverso é perigoso?

O metaverso não é perigoso na fase de desenvolvimento que está hoje. Na verdade, atualmente, ele chega a ser mais seguro do que a internet. Ainda assim, existem os perigos normais, como golpes e dados roubados.

Porém, à medida que o metaverso se tornar mais complexo e onipresente aumentarão os desafios de manter a segurança de seus bens e arquivos e também sua privacidade protegida.

O metaverso está sendo desenvolvido exclusivamente pela empresa Meta?

Não, existem outras empresas que têm seus próprios projetos no metaverso. Porém, a Meta é uma das cinco gigantes de tecnologia e é dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, as principais formas de comunicação da atualidade.

Como investir no metaverso?

Existem duas maneiras de você investir no metaverso. A primeira delas é comprando terrenos e moedas digitais ou criando NFTs dentro das plataformas do metaverso. A segunda, é no mundo aqui fora, comprando criptomoedas, ações das empresas que desenvolvem o metaverso ou fundos ETFs.

Quais são os principais jogos de metaverso?

Para responder essa pergunta, a gente vai ter que especificar o que consideramos como metaverso. Se usarmos a visão futurista de Spielberg em ‘Jogador Nº 1’, a resposta vai ser que não temos nada ainda como a plataforma fictícia ‘Oasis’.

Agora, se adotarmos a noção de um ambiente baseado em blockchain em que os usuários interagem com avatares, temos os metaversos descentralizados ‘The Sandbox’, ‘Decentraland’ e ‘Cryptovoxels’ e o centralizado ‘Somnium Space’. Desses quatro exemplos, apenas ‘Cryptovoxels’ e ‘Somnium Space’ são compatíveis com óculos de realidade virtual.

Conclusão

Agora você sabe tudo sobre o que é o metaverso e o potencial que essa plataforma tem não apenas para jogos, mas também para o e-commerce e as redes sociais.

Se você gosta de games, vai adorar dois guias que preparamos para quem quer saber mais sobre streams na Nimo TV e na Twitch.

Fonte: Olhar Digital

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