Morar perto de áreas verdes pode reduzir risco de AVC

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A causa ambiental está hoje em todos os espaços – seja entre governos, empresas ou sociedade civil como um todo. Mas a preservação de áreas verdes não é algo relativo apenas ao plano macro: também influencia na saúde das pessoas individualmente. Ainda mais de quem vive em áreas densamente urbanizadas, como são as grandes capitais brasileiras.

Essa importância se revela em muitos estudos que mostram como a convivência com a natureza proporciona benefícios inegáveis à saúde.

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Em um deles, divulgado recentemente, verificou-se que o risco de uma pessoa sofrer um acidente vascular cerebral isquêmico é reduzido em 16% se ela vive a até 300 metros de áreas verdes. A pesquisa foi feita na Espanha, analisando dados da população da Catalunha, no período de 2016 a 2017, e foi publicada no periódico especializado “Environment International”.

Segundo os pesquisadores espanhóis, os resultados indicam relação direta entre o aumento dos níveis de NO2 (dióxido de nitrogênio) na atmosfera e o risco de acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. O dióxido de nitrogênio é um gás poluente emitido pela queima de combustíveis fósseis, incluindo veículos movidos a gasolina e derivados de petróleo. Concentrações desse gás podem, além de elevar o risco de um AVC, causar problemas respiratórios e pulmonares e agravar o quadro de pessoas sensíveis a alérgenos.

O AVC isquêmico é a obstrução de uma artéria causada por um coágulo – um trombo (o que acarreta a trombose) ou a um êmbolo (que leva a uma embolia). A artéria obstruída impede a passagem de oxigênio às células cerebrais, que assim acabam morrendo. Trata-se da forma mais comum de acidente vascular cerebral, representando cerca de 85% de todos os casos.

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Há outros fatores que culminam em um AVC, uma das principais causas de morte no país, como hipertensão arterial, diabetes, colesterol e triglicérides elevados, obesidade, sedentarismo, tabagismo e abuso de bebidas alcoólicas. Como se vê, à exceção da idade, as demais situações podem ser tratadas ou são hábitos que podem ser modificados. Mas os processos de urbanização, que acabam por reduzir a presença de áreas verdes, sujeitam quem vive em cidades a ter de lidar com volumes imensos de agentes poluentes emitidos por frotas igualmente imensas de veículos.

As cidades terão de lidar com o desafio de preservar áreas verdes diante do aumento populacional. Segundo projeção da Organização das Nações Unidas (ONU), elas vão abrigar cerca de 70% da população mundial até 2050. Em 2020, já havia 4,4 bilhões de pessoas vivendo em áreas urbanas – cerca de 56% da população global.

Nesse contexto, o Brasil tem um longo caminho a percorrer. Dados do Observatório do Clima mostram que houve no país um aumento de 9,5% na emissão de gases poluentes durante a pandemia (no mundo, a média de emissões no período em questão subiu 7%). Em setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou novas diretrizes sobre qualidade do ar, nas quais informa que, com base em mais de 500 estudos científicos, a poluição causa danos à saúde humana em concentrações ainda mais baixas do que se sabia até aqui.

O debate sobre preservação ambiental deve, portanto, ir além da preservação de áreas florestadas, espécies e a redução no consumo de combustíveis fósseis. As pesquisas que mostram o impacto da poluição na saúde das pessoas talvez possam acelerar as mudanças que as cidades, cada vez mais povoadas e menos verdes, precisam.

Claudio Lottenberg é mestre e doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp). É presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e do Instituto Coalizão Saúde.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

Fonte: Forbes Brasil

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