A tecnologia, que já foi muito idealizada, começa a ceder lugar para os encontros físicos e para o sentimento. “Na verdade, é como se cada coisa estivesse encontrando o seu lugar”, disse Sandra Boccia (@sandraboccia), diretora editorial de Época NEGÓCIOS, no boletim Bolsa de Valores, da rádio CBN.
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Sandra falou diretamente de Austin, no Texas, para onde viajou com o objetivo de participar do SXSW, ou South by Southwest, o maior festival de inovação e de criatividade do mundo. O evento reúne ideias e tecnologias inovadoras apresentadas por empreendedores, altos executivos, acadêmicos e artistas.
“É uma mistura muito boa de cabeças, corações e mentes, tentando sobretudo compreender o que se passou nesses últimos dois anos”, diz a diretora. Para ela, o momento pede que as empresas fiquem atentas a um mundo que precisa ser desenhado para os encontros. “É importante que as pessoas se vejam e ressignifiquem suas relações, em um lugar real, em que não exista a pressão dos algoritmos”, afirma.
A julgar por algumas das palestras mais marcantes até agora, existe uma crítica muito forte à centralização da internet e à concentração do poder na mão das big techs – e o quanto isso gera de estresse e danos para todo o mundo. “O que está vindo agora é um mundo descentralizado. É o mundo da Web3, em que você passar a ser dono dos seus próprios dados”, diz Sandra.
Esse foi um dos temas da palestra de Tristan Harris, ex-funcionário do Google que ficou conhecido do grande público depois de participar do filme O Dilema das Redes. Hoje, ele é o cofundador e presidente do Center for Humane Technology, que promove uma tecnologia mais humanizada, focada no bem comum e capaz de fortalecer nossa capacidade de lidar com os grandes desafios do planeta. “Uma das maiores preocupações de Harris são as vozes de ódio, seja de que lado forem, porque elas sempre falam mais alto. Esses usuários tendem a postar mais conteúdo e se engajar em discussões virulentas na internet – e, por isso, acabam sendo mais ouvidas”, diz a diretora.
Mais uma razão para valorizar os encontros físicos, olho no olho, e também “olho no corpo”, como frisou a palestrante Priya Parker, especialista em relações humanas e autora do best-seller The Art of Gathering. “Tem toda uma significação ali, toda uma mágica”, diz Sandra. No caso dos líderes, diz, é preciso trabalhar para construir pontes dentro da corporação, entre profissionais e seus pares, entre profissionais e seus superiores, entre profissionais e seus subordinados.
Diante de novidades como o metaverso, será ainda mais urgente se humanizar, disse o professor Scott Galloway, da Universidade de Nova York, em sua palestra. “Ele falou sobre como é preciso prestar atenção na sua família e nos seus amigos, e em como você está cultivando as relações. ‘Será que você quer que seus filhos vivam a maior parte do tempo dentro de um mundo virtual?’, perguntou.”
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Fonte: Época negócios