Juíza da Vara das Famílias comenta sobre a importância do tempo em seu trabalho

Angela Gimenez destaca, ainda, humanidade, amor e justiça

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Angela Gimenez é juíza há 23 anos, foi professora da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e atualmente, é juíza da Primeira Vara das Famílias e Sucessões de Cuiabá. A juíza mencionou sobre o quanto precisa lidar com o tempo para conseguir atender todos os processos e, principalmente, poder atender a todas as pessoas com respeito e justiça.

“O mais desafiador na minha profissão é a luta contra o tempo. É ter todos os dias uma quantidade enorme de trabalho e mesmo assim, buscar garantir a celeridade dos processos, o respeito às pessoas e o compromisso com a justiça, que deve ter em si, a justiça social. A quantidade de trabalho versus o tempo que se tem é para mim a maior angústia experimentada no meu dia-a-dia”, explicou.

A juíza ressaltou que no seu trabalho na Vara das Famílias e Sucessões “não há repetições, porque cada família tem seu universo próprio”. Explicou, ainda, que o Direito das Sucessões trata indiretamente de direito das famílias, porque é a área que lida com as famílias, quando morre um de seus integrantes.

Reforçou que lida com a vida humana e por isso sua pressa, em atender cada pessoa, mas sem esquecer da delicadeza na maneira de tratar a todos. “A matéria prima para o meu trabalho é muito delicada, pois, é a vida humana. Por isso tenho pressa. Pressa em entregar o direito de cada pessoa, porém, sem perder de vista a amorosidade necessária para ajudar a cada uma, encontrar um sentido para viver e ser feliz, mesmo depois de tantas tragédias e dores”, detalhou.

De acordo com Angela Gimenez, ela enxergou na magistratura possibilidades de proteger pessoas em situação de grande vulnerabilidade. “Percebi que o espaço da magistratura poderia me dar mais condições de proteger às famílias e às crianças. Também, reconheci que pela magistratura eu poderia ajudar na consolidação do direito das mulheres e dos negros no Brasil. Tempos depois, já como juíza, reconheci que muitos outros segmentos da população, tais como as

pessoas LGBTIQA+, precisavam do meu trabalho e da minha militância social, por estarem em situação de grande vulnerabilidade”, relatou.

Para ela, justiça se define na vida concreta das pessoas, na possibilidade delas poderem ser quem são. Acrescentou que é por isso o seu gosto pelo Direito das Famílias. “Porque é na família que a pessoa desenvolve suas potencialidades e aptidões”.

Com relação ao número de mulheres na magistratura, Gimenez mencionou que a cada concurso vem aumentando o público feminino nessa área. No entanto, explicou que mesmo com esse avanço, ainda, há muito o que evoluir, visto que há mais mulheres que homens na sociedade.

A respeito do quanto sua profissão lhe encanta, ela destacou que poder ajudar as pessoas a encontrarem seus espaços próprios e seus projetos de felicidades é muito especial para ela. Citou, ainda, a importância de ter humanidade no contato com todos que farão parte de suas audiências.

“Nas audiências a humanidade da juíza se encontra com a humanidade das partes e dos demais agentes judiciais, como advogadas, promotoras, servidoras, policiais, etc. Só seremos salvos, nesse mundo tão conturbado, através da humanidade. O humano nos diferencia. O humano tem sentimentos e valores. É pela humanidade que amamos e respeitamos o diálogo, as escolhas, os medos, os desafios, as alegrias e o amor”, disse a Juíza da Vara das Famílias.

Angela Gimenez deixou um conselho para quem deseja seguir na magistratura: “Primeiro você tem de sonhar com a magistratura. Depois estudar muito, sem medo dos concorrentes, porque quem estuda vai passar e, por último e mais importante, AME. Amar é imprescindível para qualquer profissão, então, uma juíza só pode julgar se amar. Avante!”, enfatizou.

Angela Gimenez já representou o Brasil na Alemanha, em lutas pelos direitos humanos. É uma ativista pela guarda compartilhada dos filhos entre os seus dois genitores e também, pelo direito da família extensa (avós, tios, primos etc) de conviverem com as crianças e adolescentes.

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