sexta-feira,29 novembro, 2024

5 tecnologias antigas que você nem imagina que ainda são utilizadas

Nos últimos 20 anos, a tecnologia transformou as sociedades radicalmente. A internet se tornou parte de nossas vidas diárias, criando uma verdadeira realidade paralela; os dispositivos se tornaram extensões imprescindíveis das habilidades humanas no cotidiano e há quem diga que estamos perto, inclusive, de fundir o mundo físico com o digital.

No entanto, nem todas as pessoas e empresas acompanham o ritmo alucinante da inovação tecnológica, e isso não quer dizer que elas não tenham a capacidade financeira para atualizar suas ferramentas. Na verdade, algumas tecnologias antigas se mostram mais confiáveis e úteis do outras mais atuais. Por isso, ainda são adotadas por grandes empresas e segmentos específicos da população. Confira cinco tecnologias antigas que ainda são utilizadas atualmente.

DISQUETES

Governo do Japão usou disquetes até 2021. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Quando a empresa International Business Machines (IBM) criou o primeiro disquete, em 1967, revolucionou o armazenamento de dados por ser um sistema barato, confiável e portátil. Na época, embora as grandes empresas já utilizassem discos rígidos em máquinas, as pessoas ainda usavam cartões perfurados de papel para a entrada de dados e programação de software.

Os primeiros disquetes tinham oito polegadas e capacidade de armazenar 80 KB. Com o tempo, à medida que a densidade de dados cresceu, o tamanho do dispositivo diminuiu e a capacidade de armazenamento dele aumentou, chegando até a versão de 3,5 polegadas com 5,76 MB. A versão mais popular, contudo, tem o mesmo tamanho e abriga 1,44 MB.

Em meados dos anos 1990, mais de 5 bilhões de unidades foram vendidas por ano, contribuindo para a revolução dos computadores e da indústria de software. A partir do surgimento dos discos compactos (CDs), os disquetes começaram a cair em desuso. Com o advento do pen drive, a tecnologia parecia que estava definitivamente condenada, mas isso não aconteceu.

Os disquetes continuaram oferecendo segurança e confiabilidade para o armazenamento de dados para mísseis nucleares dos Estados Unidos até 2019. Alguns modelos das aeronaves comerciais Boeing 747 e AirBus 320, além de caixas eletrônicos, dependem desses dispositivos antigos para atualizar os sistemas.

FITAS MAGNÉTICAS

Unidades de LTO são a tecnologia mais confiável de backup para grandes quantidades de dados. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)

Na década de 1950, os engenheiros descobriram que as fitas magnéticas que eram utilizadas para gravar áudio poderiam servir para armazenar outros tipos de dado. As fitas magnéticas, como a digital audio tape (DAT) e a linear tape-open (LTO), rapidamente se tornaram a forma padrão de guardar grandes volumes de informações que não precisam ser acessadas com frequência.

Isso nunca mudou. Apesar do surgimento dos discos rígidos (HDs) e solid-state drive (SSDs), a tecnologia antiga consegue ser mais barata e armazenar muito mais. As primeiras fitas DAT conseguiam guardar até 2 MB, uma quantidade impressionante para a época, e continuaram avançando na capacidade. A última versão de unidade LTO permite gravar até 580 TB em dados brutos.

As bibliotecas de fitas (tapes libraries), que permitem a realização de backups complexos sem interação humana, continuam sendo muito usadas para armazenamento de conteúdo de arquivamento na indústria do entretenimento, bem como para outras aplicações de armazenamento digital em geral, em que o baixo custo é mais importante do que o acesso rápido.

Longe de estar em extinção, a fita magnética é vista como o melhor custo-benefício para guardar uma grande quantidade de dados, por exemplo grandes parques tecnológicos ou empresas que oferecem os serviços de nuvem. Por essa razão, fabricantes importantes, como IBM e Sony, continuam apostando na tecnologia e desenvolvendo novos produtos.

PAGERS

Pagers ainda são muito úteis para médicos. (Fonte: Shutterstock)

Quando foram lançados em 1950, os pagers eram grandes, volumosos e pesavam quase meio quilo. Com o tempo, encolheram e ficaram mais baratos, popularizando-se. Em 1994, havia mais de 61 milhões de pagers sendo usados em todo o mundo. Contudo, desde o advento dos telefones celulares no final do século 20, esse uso diminuiu.

Existem atualmente cerca de 5 milhões de pagers em serviço. Isso acontece porque os pagers têm pontos fortes que a tecnologia mais recente não tem. Eles são mais baratos do que os smartphones, mais fáceis de carregar e são praticamente imunes a ataques hackers. O fato de só permitirem a comunicação unidirecional evita a distração dos usuários.

Quase 80% dos hospitais dos Estados Unidos ainda usam pagers, de acordo com um estudo do Journal of Hospital Medicine. Uma comunicação confiável é particularmente importante durante uma grande emergência. O equipamento permite o uso de centenas de pessoas ao mesmo tempo, não distrai os usuários e ainda permite separar a vida pessoal da profissional.

Os hospitais têm zonas em que o celular não funciona. Algumas paredes são construídas para impedir que os raios X penetrem, o que dificulta também a passagem de sinais de celulares. Os pagers não têm esse mesmo problema, pois se comunicam por meio de sinais de rádio de altíssima frequência, como uma transmissão de rádio FM.

INTERNET DISCADA

Internet discada ainda não morreu, pelo menos nos Estados Unidos. (Fonte: Chrome/Reprodução)

Quem usou a internet em seus primórdios, ao longo dos anos 1990, deve se lembrar da sequência de ruídos que anunciava a conexão discada. A tecnologia foi substituída pela banda larga a partir dos anos 2000, o que propiciou conexões de internet mais rápidas, silenciosas e sem impedir o uso do telefone. Depois, formas de conexão em dispositivos móveis chegaram, fazendo o dial-up cair no esquecimento.

Mas ainda tem quem lembre e, na verdade, precise desse serviço. Para usuários em áreas onde a internet a cabo ou satélite não está disponível ou que têm restrições econômicas, o dial-up oferece uma maneira de se conectar. Por isso, quase 2 milhões de pessoas nos Estados Unidos ainda se conectam via telefone.

A internet discada funciona tomando o sinal de uma linha telefônica existente e mudando-o de comunicação de voz para comunicação de dados. A quantidade de dados que a internet discada pode transferir pela linha telefônica é muito limitada, o que resulta em velocidades baixas, geralmente de até 56 kbps.

O serviço continua sendo útil para usuários que não veem ou transmitem vídeos, não jogam online nem compartilham fotos. No entanto, a internet discada é ótima para quem está sobrecarregado com a complexidade dos planos modernos de internet de alta velocidade e querem apenas uma maneira simples de verificar e-mails.

SONDAS VOYAGER

Voyager I apresentou problemas, mas continua enviando informações sobre o espaço. (Fonte: G. Bacon/NASA/ESA/Reprodução)

Uma viagem ao espaço representa um dos maiores feitos alcançados pela humanidade, mas também representa um grande desafio. Depois que as naves espaciais são lançadas, é quase impossível realizar reparos ou upgrades de hardware. Por isso, algumas naves espaciais em órbita da Terra utilizam tecnologias ultrapassadas.

Esse é o caso das Voyager I e II. As embarcações interestelares foram lançadas em 1977 para coletar informações relevantes do universo. Elas carregam também mensagens da humanidade, com fotos, músicas e saudações em vários idiomas escolhidos cuidadosamente pelo astrofísico Carl Sagan e sua esposa, Ann Druyan.

A missão tinha como objetivo explorar Júpiter e Saturno, mas logo o programa foi ampliado para enviar informações de Urano, Netuno e Plutão. Na década de 1990, as naves já tinham alcançado essas metas e, mais uma vez, a missão ganhou um novo objetivo: sair do Sistema Solar.

Viajando a mais de 60 mil km/h, as Voyagers I e II se tornaram os objetos feitos pela humanidade que foram mais longe e estão há mais de 23 bilhões de quilômetros da Terra. Tudo isso com os mesmos computadores de bordo da década de 1970. De acordo com as estimativas da National Aeronautics and Space Administration (NASA), as espaçonaves vão continuar em operação até 2025.

Por: Aléxis Cerqueira Góis

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