No mundo altamente conectado de hoje, no qual dados são gerados a todo momento, as informações geradas pelas interações dos consumidores durante sua jornada de compras se tornaram ativos valiosíssimos para qualquer organização.
No entanto, a verdadeira vantagem competitiva não está apenas na coleta de dados, mas na capacidade de utilizá-los de maneira estratégica e integrada. Para isso, criar uma cultura de dados, ou data driven, na empresa é essencial para transformar dados brutos em insights valiosos, que orientam a tomada de decisões e impulsionam o crescimento.
O mercado brasileiro está evoluindo nessa questão. O estudo Data Trends 2024, coordenado pela Opinion Box em parceria com a Looqbox, mostra que a maioria das empresas do país tem analisado dados na hora de realizar definições estratégicas.
Segundo o levantamento – que ouviu 1.001 profissionais em diversas posições hierárquicas, de empresas privadas de todas as regiões do Brasil –, 59% dos entrevistados afirmaram que suas organizações possuem uma cultura de dados, sendo que 71% disseram que acessam dados internos diariamente.
Contudo, a pesquisa mostra que ainda há muito a melhorar. Apenas 28% dos entrevistados disseram não ter dificuldades em trabalhar com dados, o que significa que para 72%, a prática não é simples.
Outro problema aponta diretamente para a questão cultural. Só 22% dos profissionais ouvidos trabalham em empresas que democratizam seus dados com todos os colaboradores. Ou seja, para 78%, falta integração digital dentro das organizações, com departamentos atuando de forma isolada, captando dados e os utilizando sem compartilhá-los com outras áreas.
“Quando apenas uma parte limitada da equipe tem acesso aos dados ou quando o acesso é restrito por procedimentos burocráticos ou políticas internas, isso cria uma divisão significativa entre aqueles que têm informações e aqueles que não têm”, afirma o relatório.
Criando uma cultura de dados: um guia rápido
Criar uma cultura de dados é um processo contínuo que exige comprometimento, capacitação e integração. Ao adotar uma abordagem estratégica e centrada no valor dos dados, os empresários e gestores podem transformar suas organizações, tomando decisões mais informadas, identificando novas oportunidades e otimizando operações.
Os cinco pilares para esse processo são:
1) Liderança e comprometimento
A criação de uma cultura de dados deve começar pela liderança. Executivos e gerentes devem não apenas apoiar, mas também demonstrar comprometimento genuíno com a utilização de dados e sua democratização. Na prática, isso inclui:
- Exemplo pela liderança: líderes devem utilizar dados em suas próprias tomadas de decisão e promover a transparência em relação aos mesmos;
- Definição de objetivos claros: é preciso criar metas específicas e mensuráveis para o uso de dados dentro da organização;
- Alocação de recursos para que a análise seja cada vez mais eficiente: para isso, deve-se investir em tecnologia, ferramentas de análise e treinamento para capacitar a equipe.
2) Capacitação e treinamento
Para que a cultura de dados se enraíze, todos os colaboradores precisam estar capacitados para utilizar e interpretar dados. Isso pode ser alcançado através de:
- Programas de treinamento contínuo: a empresa deve oferecer workshops e cursos sobre análise de dados, ferramentas de Business Intelligence (BI) e interpretação de relatórios;
- Contratação de especialistas: em alguns casos, é preciso trazer analistas ou mesmo cientistas de dados para liderar a capacitação e servir como recursos para a equipe;
- Criação de comunidades internas: não há nada de errado em criar grupos de discussão e projetos colaborativos focados em dados desde que fique claro como os resultados serão depois compartilhados com os demais membros da empresa.
3) Integração de dados na operação
Uma cultura de dados só consegue se consolidar em uma organização quando as informações obtidas são integradas aos processos diários de trabalho dos colaboradores. Para que isso aconteça é preciso:
- Implementar plataformas de BI que sejam intuitivas e acessíveis a todos os funcionários: é claro que, às vezes, nem todos precisam do mesmo nível de acesso a todas as informações. O processo precisa ser analisado caso a caso;
- Criar dashboards e relatórios automatizados que forneçam insights em tempo real sobre as operações: tudo o que for relevante e puder ser automatizado deve estar disponível para análise;
- Incentivar o uso de dados em reuniões, planejamentos e avaliações de desempenho para que as decisões estratégicas sejam tomadas cada vez mais com base nas informações coletadas e não em opiniões e feelings pessoais.
4) Governança de dados
Lidar com dados requer uma estrutura de governança robusta para assegurar a qualidade, segurança e integridade das informações coletadas. Isso exige:
- Políticas de qualidade de dados que estabeleçam normas e procedimentos para garantir que os dados sejam precisos, completos e atualizados;
- Segurança absoluta da informação: é preciso implementar medidas de segurança para proteger os dados contra acessos não autorizados e violações. Não custa lembrar que dados são ativos, possuem valor e precisam ser guardados;
- Designar responsáveis pela gestão de dados e assegurar a conformidade com leis e regulamentações aplicáveis: por mais que os dados devam circular por toda a organização, é fundamental que exista o departamento responsável por eles, inclusive legalmente.
5) Estímulo à inovação
A cultura de dados é parte do processo de transformação digital da sociedade (e por consequência, do mercado) e só evolui em ambientes que valorizam a curiosidade e a inovação. Para que uma empresa seja esse lugar deve-se:
- Permitir e incentivar que os funcionários explorem e experimentem a utilização de dados para descobrir novos insights e processos que melhorem os resultados no dia a dia;
- Reconhecer e recompensar novas descobertas: celebrar as iniciativas e projetos baseados em dados que geram resultados positivos para a empresa mantém os colaboradores animados e estimulados;
- Realizar um feedback contínuo através de canais de comunicação onde os funcionários possam compartilhar ideias e dar suas opiniões sobre o uso de dados.
Não perder a IA de vista
Como acontece em todas as áreas, o avanço do uso de programas com Inteligência Artificial (IA) também pode ser visto no processo de captação e análise de dados.
Para 71% dos entrevistados pela pesquisa Data Trends 2024, o impacto causado pela tecnologia na área é certo. “Independentemente do tamanho do impacto da IA, profissionais da área precisam ficar de olho nessa tecnologia e acompanhar as novidades, mesmo que não as implementem ainda este ano”, diz o levantamento.
O alerta é importante. Quem está pensando em implantar uma cultura de dados em sua empresa deve fazê-lo sempre de olho no que há de mais atual no mercado. Hoje o hype é a Inteligência Artificial, amanhã pode se outro. Manter-se informado é fundamental, assim como participar de encontros e eventos que discutam o tema. Conhecimento nunca é demais.
CONAREC
O CONAREC 2024 será a maior edição já realizada do principal evento de Customer Experience do mundo. A conferência reunirá centenas de lideranças e profissionais para compartilhar experiências, desenhar jornadas com o mínimo de atritos, gerar networking, fechar novos negócios e muito mais!
Com a chegada da Inteligência Artificial generativa, que está revolucionando todos os setores, o desafio se torna ainda maior. Venha para uma imersão de conteúdo e ajude a construir o CX do futuro.
O CONAREC 2024 será realizado nos dias 10 e 11 de setembro, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Confira as novidades e participantes confirmados no site: CONAREC 2024.