Especialista em inteligência emocional explica por que o fracasso é uma parte importante de qualquer carreira

Thomas Edison tem uma frase famosa sobre seu longo processo de criação. “Eu não falhei 10 mil vezes. Apenas descobri 10 mil maneiras que não funcionavam”.

Na época em que estava empenhado em inventar a lâmpada, Edison foi ridicularizado pela mídia como um grande fiasco. A frase citada acima foi sua resposta a um repórter que lhe perguntou por que não desistia.

Assim como muitas pessoas bem-sucedidas cujo trabalho impactou o mundo, Edison conseguiu usar os seus erros a seu favor. Em vez de enxergar o fracasso como uma desvantagem, ele conseguiu perceber sua importância e continuou insistindo.

Dificilmente encontraremos alguém que tenha feito grandes contribuições para o mundo e que tenha acertado de primeira. O que vamos ver é uma série de contratempos, passos em falso, becos sem saída e desvios que finalmente os levaram às conquistas que hoje são mais visíveis.   

1. Fracassos são oportunidades

Ressignificar o fracasso, especialmente no trabalho, é mais fácil de falar do que fazer. O primeiro passo é procurar pelas oportunidades que ele oferece. O que determinada falha nos diz sobre nosso trabalho, sobre nós mesmos e sobre as pessoas com quem estamos trabalhando?

O FRACASSO PODE SER VISTO COMO UM MOMENTO PARA DESENVOLVER NOVAS HABILIDADES.

Se estivermos procurando oportunidades para aprender, então nossos erros nos ensinam o que não funciona. E, como aconteceu com Edison, eles nos levarão mais perto daquilo que, no final das contas, vai dar certo.

Em vez de encarar os contratempos estritamente como fracassos, tente pensar neles como uma etapa que nos fornece informações valiosas que podemos aplicar dali em diante.

2. O fracasso é um momento de transição

Além de encarar o fracasso como um aprendizado, podemos entende-lo como um momento ou período de transição pelo qual precisamos passar. “Pensar no fracasso como parte do processo normaliza a experiência e a torna algo esperado, em vez de uma exceção”, observa a Melanie McNally, psicóloga e autora do livro “The Emotionally Intelligent Teen” (O adolescente emocionalmente inteligente, em tradução livre).

O fracasso também pode ser visto como um momento para desenvolver novas habilidades e fazer conexões com colegas e líderes que pensam da mesma forma em seu ambiente de trabalho.

3. A falha é uma oportunidade de tentar algo novo 

Outra maneira de ressignificar as falhas é ressaltando a importância de tentar coisas novas. Como Albert Einstein disse uma vez, “quem nunca cometeu um erro nunca tentou algo novo”. O fato de tentar e falhar significa que tivemos a coragem de tentar algo novo.

PODEMOS ENCARAR O FRACASSO COMO UM MOMENTO OU PERÍODO DE TRANSIÇÃO PELO QUAL PRECISAMOS PASSAR.

Como são poucos, ou nenhum, os novos empreendimentos que garantem o sucesso, precisamos sair da zona de conforto e desenvolver resiliência.

“Ficamos cada vez mais resilientes toda vez que tentamos algo novo, independentemente de dar certo ou não”, ressalta McNally. “Estamos expandindo nossa capacidade de tolerar o desconforto, o que faz com que nossa zona de conforto fique maior.”

4. O fracasso é um estímulo à inovação

Se precisarmos de motivação para seguir em frente depois de contratempos, basta pensar em todas as pessoas conhecidas e nos obstáculos que elas enfrentaram antes de finalmente atingirem seus objetivos.

Dou esse conselho porque pesquisas descobriram que as empresas que incentivam e recompensam novas ideias, inovação e tomada de riscos atraem aqueles que estão dispostos a ir além daquilo que já sabem e já fazem, e têm um desempenho melhor.

O FATO DE TENTAR E FALHAR SIGNIFICA QUE TIVEMOS A CORAGEM DE TENTAR ALGO NOVO.

Os funcionários de empresas estagnadas, que estão atreladas ao status quo, geralmente se sentem frustrados, o que faz com que muitos cheguem à conclusão de que estão no lugar errado. 

Outra maneira de encarar o fracasso é como um passo para o desenvolvimento de habilidades criativas e de resolução de problemas. Ao analisar o que não funcionou, conseguimos expandir nossa imaginação e nossos processos de pensamento. A melhor maneira de aprender é fazendo, e quanto mais coisas tentarmos fazer, mais nos preparamos para aprender.

O psicólogo, autor e educador Martin Seligman, um dos proponentes do movimento da psicologia positiva, fez um trabalho inovador sobre otimismo. Ele descobriu que os otimistas enxergam os contratempos de forma diferente dos pessimistas.

Os otimistas veem os contratempos como temporários e não os levam para o lado pessoal. Não os veem como um sinal de que há algo errado com eles mesmos. Encarar os fracassos dessa maneira pode ajudar a aumentar nosso otimismo. 

5. O fracasso é uma forma de nos entendermos melhor

E, por fim, podemos ressignificar o fracasso como uma ferramenta para nos entendermos melhor. “Desenvolver a inteligência emocional, em particular as competências de autoconsciência e autogestão, nos permite desenvolver a resiliência, a capacidade de recuperação e a habilidade de transformar adversidades em oportunidades de aprendizado”, diz Debbie Muno, diretora da Genos North America.

Ao fazer um balanço de nossas realizações e de nossas falhas, podemos entender melhor a nós mesmos, nossas habilidades e as possibilidades de crescimento que temos pela frente.

Texto: Harvey Deutschendorf