Os primeiros grandes espaços verdes projetados só apareceram no Brasil no século XVIII. O mais antigo que se tem registro é o Passeio Público do Rio de Janeiro, de 1783, que foi inspirado nas tradições de desenho do jardim clássico francês.
O paisagismo surgiu no Brasil somente no final do século XVIII, com o objetivo de estimular a sensibilidade à paisagem, inserindo elementos da flora à arquitetura das cidades. Mas afinal, o que é paisagismo?
De acordo com a paisagista e sócia proprietária da empresa Verde que te Quero Verde Paisagismo, Walkiria Scedrzyk, paisagismo “é a técnica de projetar, planejar e organizar a paisagem, seja em espaços públicos ou privados, visando harmonizar a área verde com arquitetura e o ambiente em volta”.
O paisagismo vai muito além da elaboração de jardins, praças e parques, está diretamente relacionado à arquitetura e urbanismo e utiliza de conhecimentos de botânica e ecologia projetar espaços harmoniosos e agradáveis de convivência. “Paisagismo e arquitetura devem trabalhar juntos visando a composição harmoniosa da área verde com a construção, por isso o paisagismo deve compatibilizar as necessidades e desejos da arquitetura. Esse cuidado e atenção resulta em melhor integração, conforto e beleza para o imóvel”, conta Walkiria Scedrzyk.
A empresa Verde que te Quero Verde Paisagismo foi fundada em 1986 a partir do desejo de transformar emoções em paisagem, se especializando na concepção e execução de projetos paisagísticos. A empresa trabalha em parceria com escritórios de arquitetura, explorando ao máximo o projeto arquitetônico e conhecendo a personalidade de seus clientes.
A paisagista explica que ao projetar um jardim é possível combinar folhagens, pedras, vasos, mobílias e iluminação. Tudo que compõe a área verde será estudado para melhorar uso e beleza do espaço. Assim, além de interagir com os arquitetos e clientes, é fundamental conhecer e entender o local onde o jardim será executado, a frequência de chuvas, incidência de luz solar e tipo de solo para definição das espécies que melhor se adaptam ao local.
O paisagismo contribui para promover paisagem equilibrada, saudável e bela, pois sua função “é planejar e projetar espaços verdes de acordo com as necessidades e desejos do cliente, priorizando aspectos estéticos ou funcionais, conforme a demanda e exigência do ambiente. Já a jardinagem é processo de plantio, popularmente conhecido como execução do jardim e também a sua manutenção, incluindo podas, adubação e combate a pragas e doenças”, explica a paisagista.
No Brasil, uma tendência que veio para ficar são os jardins verticais, que possibilitam a presença do verde em espaços onde não é possível usar do plantio convencional. Outra tendência é o “Urban Jungle”, que utiliza vasos ou estrutura de alvenaria para criar uma verdadeira floresta em pequenos espaços, incorporando o conceito de biofilia ao projeto. Diferentes cores, texturas e formatos encantam pela beleza e imponência.
Walkiria conta que “tendo em vista as características climáticas do Brasil, praticamente todos os tipos de paisagismo podem ser desenvolvidos aqui. Destacamos dois exemplos mais praticados: estilo clássico, caracterizado por simetria e plantas de topiaria. Temos também o estilo tropical, muito difundido devido ao nosso clima, com muitas folhagens, flores, palmeiras e árvores. Outros exemplos menos difundidos, mas também presentes é o árido, com muitos cactos, pedras e suculentas e o estilo japonês, onde o elemento água é primordial”.
A paisagista ainda dá uma importante dica de como aproveitar as belezas naturais “Contemplar é o segredo. Com o tempo, nosso olhar fica apurado de modo a saber aproveitar e integrar os diferentes elementos que compõem um jardim. Hoje, qualquer local pode ser aproveitado para o cultivo de plantas, trazendo conforto térmico, beleza e bem estar. Seja em um apartamento, residência ou em um parque, podemos sempre incorporar a natureza em nossa vida”.
Texto: Milena Vilar