Conversamos com arquitetos especializados em sustentabilidade para entender como economizar no consumo elétrico e ajudar o meio ambiente
Além de contribuir para a redução dos gastos domésticos, economizar energia em casa desempenha um papel importante na mitigação das mudanças climáticas e na preservação do meio ambiente.
Isso porque cada residência é um centro de atividade onde uma série de dispositivos e sistemas consome eletricidade e combustíveis fósseis, contribuindo significativamente para o consumo total de energia na sociedade.
É isso que a arquiteta Marcela Green, especializada em arquitetura eficiente e sustentável, explica: “No contexto atual de crescente conscientização sobre a importância da sustentabilidade e da redução do consumo de energia, tornou-se fundamental adotar medidas que promovam a eficiência energética em nossas casas”.
Além disso, tornar o consumo de energia em casa mais sustentável pode ser positivo, também, para os próprios moradores. “Ao planejarmos um projeto, podemos criar lares que não só são gentis com o planeta, mas que também nutrem a alma”, defende Paulo Trigo, arquiteto especialista em meio ambiente, desenvolvimento sustentável e especializado em Arquitetura da Felicidade.
Confira abaixo dez dicas para garantir uma maior eficiência energética em casa – o que, por sua vez, ajuda a diminuir a pegada ambiental, adotar um estilo de vida mais responsável e promover um maior bem-estar:
1. Escolha dos eletrodomésticos
Segundo Marcela, optar por eletrodomésticos com classificação energética alta, como eletrodomésticos com o selo Procel A ou etiqueta energética A+++ (Inmetro), pode reduzir significativamente o consumo de energia. “Eletrodomésticos mais eficientes consomem menos energia durante seu funcionamento, economizando dinheiro a longo prazo e reduzindo o impacto ambiental”, explica.
Paulo, por sua vez, sugere optar por dispositivos modernos e eficientes, que tendem a ser mais silenciosos e esteticamente agradáveis. “Eles promovem ambientes harmoniosos e tranquilos e bem-estar visual e auditivo, além de economia de energia”, diz.
2. Iluminação natural
Fazer uso da iluminação natural, além de afetar positivamente o humor, o ritmo circadiano e a produtividade, contribui para a redução do consumo de energia elétrica.
“Projetar espaços que maximizem a entrada de luz natural pode criar ambientes vivos e rejuvenescedores. Além disso, a redução do uso de luz artificial durante o dia promove economia de energia e bem-estar”, diz Paulo.
3. Iluminação LED
À noite, quando já não é possível fazer uso da luz natural, aposte no uso da iluminação LED em detrimento das lâmpadas incandescentes e fluorescentes, o que é uma maneira eficaz de economizar energia. “As lâmpadas LED consomem muito menos energia, têm uma vida útil mais longa e produzem menos calor, tornando-as uma escolha econômica e eficiente”, diz Marcela.
Alguns modelos de lâmpadas permitem ainda ajustes para criar ambientes que refletem e apoiam o estado emocional dos moradores, seja para relaxamento, seja para focar.
“Dispositivos dimerizáveis colaboram para criar ‘cenas’ diversas. Somos muito sensíveis à luz, e um ambiente muito bem iluminado não se traduz em bem-estar necessariamente. Assim como um cômodo de luz baixa não é sinônimo de tristeza”, diz Paulo.
Em dormitórios, por exemplo, ele orienta sempre escolher lâmpadas amareladas ou no tom “branco quente”, capazes de nos deixar mais relaxados.
4. Sensores de presença e temporizadores
Para Marcela, instalar sensores de presença em áreas como corredores e banheiros ajuda a garantir que a energia seja usada apenas quando necessário.
O mesmo vale para temporizadores em dispositivos como ventiladores e sistemas de iluminação externa. “Isso evita o desperdício de energia quando as áreas estão desocupadas”, diz Marcela.
5. Automação residencial
Ainda segundo a arquiteta, a automação residencial permite o controle inteligente de dispositivos e sistemas, como termostatos, persianas e sistemas de segurança. “Por exemplo, um termostato inteligente pode ajustar automaticamente a temperatura quando você não está em casa, economizando energia de aquecimento e refrigeração desnecessária”, diz.
6. Ventilação cruzada
Ambientes bem ventilados com fluxo contínuo de ar fresco, segundo Paulo, podem melhorar a qualidade do ar, reduzir o estresse e aumentar a concentração. “Durante a pandemia de Covid-19 ficou comprovada, inclusive, a eficiência da ventilação natural para termos ambientes mais saudáveis, disseminando a contaminação do ar”, diz o arquiteto.
Como impactos positivos do uso da ventilação cruzada, ele aponta a redução da necessidade de sistemas de refrigeração, o que economiza energia enquanto promove um ambiente saudável.
7. Energia solar
Instalar painéis solares em casa também pode ser um investimento a favor da economia de energia e da geração de eletricidade limpa e renovável.
“A energia solar pode reduzir significativamente sua dependência da rede elétrica convencional e, em alguns casos, até gerar créditos de energia quando você produz mais do que consome”, comenta Marcela.
Já Paulo diz que incorporar elementos naturais na rotina da casa, como o sol, ajuda a nos conectar ao mundo exterior e reforça a nossa relação com a natureza.”Seja através da geração de energia fotovoltaica, seja permitindo a incidência da luz natural, nossa relação com o sol é vital”, diz.
8. Isolamento e vedação
“Garantir que a sua casa esteja bem isolada e vedada ajuda a manter a temperatura interna estável, o que reduz a necessidade de aquecimento ou resfriamento excessivo”, aponta Marcela.
Isso é fundamental para economizar energia, especialmente em climas extremos, e também pode proporcionar um refúgio dos ambientes externos, promovendo segurança e conforto. “O princípio da inércia térmica deve nortear os projetos, escolhendo materiais mais isolantes, que colaborarão para a eficiência da edificação como um todo”, diz Paulo.
9. Monitoramento e conscientização
Segundo Marcela, usar dispositivos de monitoramento de energia pode ajudá-lo a acompanhar o consumo de energia em tempo real, o que também beneficia uma casa mais energeticamente eficiente. “Isso permite que você identifique áreas de desperdício e tome medidas para reduzir o consumo”, explica.
10. Hábitos de consumo consciente
Marcela comenta que, além das tecnologias e equipamentos, é importante cultivar hábitos conscientes de uso de energia. Alguns exemplos incluem desligar dispositivos quando não estiverem em uso, usar a máquina de lavar roupa e lava-louças com cargas completas e ajustar a temperatura do termostato para um nível confortável, mas não excessivo.
“Cada um desses tópicos contribui para uma casa mais eficiente em termos energéticos, reduzindo custos, minimizando o impacto ambiental e aumentando o conforto”, defende.
Segundo a arquiteta, a combinação de várias dessas medidas pode resultar em economias significativas de energia ao longo do tempo e tornar sua casa mais sustentável.
“A minha sugestão é: comece! Nem que seja por uma lâmpada ou um eletrodoméstico com selo Procel… A sustentabilidade não é luxo, não custa mais caro e está mais ao nosso alcance do que podemos imaginar”, diz.
Texto: Yara Guerra